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Mais velhos largam vaga por projetos

Profissionais com mais de 50 anos têm oportunidade como temporários

DE SÃO PAULO

Depois de 30 anos em grandes empresas no Brasil e no exterior, Germano Badi, 63, foi demitido. Ficou dois anos fora do mercado e decidiu: melhor seria ficar sem vínculo empregatício duradouro em qualquer companhia.

A alternativa adotada por ele -e por diversos profissionais seniores- foi tornar-se temporário. "Não gostaria de voltar a ser dependente de uma única empresa", afirma.

Como ele, trabalhadores com mais de 50 anos encontram espaço no mercado para atuar por projetos (leia mais no quadro abaixo).

Aproveitar a "expertise" do profissional sênior, mas não desembolsar tanto para isso, é uma das justificativas para a abertura de mercado para esse público, diz Maria Cecília de Arruda, professora da Fundação Getulio Vargas.

As empresas, completa a especialista, não conseguiriam pagar o que ele vale.

Badi, por exemplo, que consegue até cinco projetos ao ano em micro e pequenas empresas, tem remuneração um terço menor se comparada à do período em que atuou como executivo da área financeira -ele não revela valores.

Há outro fator para a grande demanda pelos mais velhos. As empresas continuam com dificuldade de encontrar pessoas que reúnam técnica e experiência, indica Aloísio Buoro, professor do Insper.

"É comum a recontratação do quadro de aposentados [da companhia]", considera.

Essa "tendência", completa Claudio Dedecca, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), também é impulsionada pela "especialização do mercado", que cada vez mais "segmenta e terceiriza projetos".

CICLO CONTÍNUO

A dificuldade de recolocar-se após os 50, a expectativa de ter uma rotina menos puxada e a certeza de que é cedo para parar explicam a entrada dos seniores no mercado de temporários, diz Marcus Gaspar, diretor de RH da consultoria Personal Service.

Há cinco anos, Gessé Camargo, 65, deixou de lado a carreira como executivo na área de "facilities" (suporte) em busca de "mais conforto".

"Em uma organização, você está em uma trilha, sem ter margem de manobra", frisa.

A mudança, diz, foi "natural", pois, Badi recebia convites para fazer projetos mesmo trabalhando. "Isso me deixou mais seguro."

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