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DEPOIS DOS 40
Idade não limita busca por estágio
Mais de 6.000 universitários com mais de 40 anos se inscreveram no Ciee no ano passado
Renato Stockler/Folha Imagem
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Formado em engenharia elétrica, Nilson Mineo Morisava hoje é estudante de direito e, aos 41 anos, faz estágio em uma empresa |
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles formam um batalhão de
104 mil alunos nos bancos das
faculdades do país. Mas com
uma diferença em relação a 1,5
milhão de estudantes: a idade.
Apesar de já terem passado
pela dúvida sobre o que fazer
quando crescer, milhares de
pessoas com mais de 40 anos
decidem mudar o rumo ou incrementar o conhecimento.
Obrigados ou não pela faculdade, eles buscam um estágio.
"São pessoas que, provavelmente, já passaram uma fase da
carreira e decidiram voltar a estudar por achar que vale a pena
redirecioná-la", diz Eduardo de
Oliveira, superintendente operacional do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola).
Levantamento exclusivo do
Ciee a pedido da Folha aponta
que, em 2006, 6.527 estudantes de graduação com mais de
40 anos se inscreveram na instituição em busca de estágio.
Desse total, 21% (1.374) fizeram estágio no ano passado.
"É um número significativo",
aponta Oliveira. "Como o estágio não inclui os encargos e não
exige experiência, talvez seja
até mais fácil conquistá-lo [do
que uma vaga no mercado]."
A estudante de biblioteconomia Consuelo Monte, 56, está
em seu primeiro estágio e percorreu oito empresas até consegui-lo. Graduada em sociologia e com experiência em grandes empresas, teve de "enxugar" o currículo, superqualificado para postos iniciantes.
"Já me perguntaram na entrevista como não tinha conseguido coisa melhor", lembra.
"Achei que a idade não me ajudaria, mas estava errada", conta ela, hoje estagiária no Instituto da Pesca, da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento.
Entre as vantagens, ela aponta a qualidade de vida que tem
com horários flexíveis.
Carreiras
Apesar de os estudantes de
pedagogia liderarem o ranking
dos concorrentes a uma vaga,
são os universitários de direito
os que mais conquistam espaço
(leia mais no quadro ao lado).
Para Oliveira, do Ciee, em geral, essas carreiras estão entre
as mais procuradas para a segunda graduação -cursos que
exigem estágio nos currículos.
"Eles têm a maturidade que algumas vagas exigem", destaca.
Nilson Mineo Morisava, 41, é
um deles. Quando o engenheiro
elétrico perdeu seu cargo de supervisor em uma grande empresa, não se abalou. Trocou
posto -e salário- por um estágio em direito na área pública.
"A mudança é grande. Mas
campo de trabalho eu tenho",
diz ele, que cursa o quarto ano
de direito. No futuro, Morisava
pretende unir as duas carreiras
e se tornar perito judicial.
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