São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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DEPOIS DOS 40

Idade não limita busca por estágio

Mais de 6.000 universitários com mais de 40 anos se inscreveram no Ciee no ano passado

Renato Stockler/Folha Imagem
Formado em engenharia elétrica, Nilson Mineo Morisava hoje é estudante de direito e, aos 41 anos, faz estágio em uma empresa


ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles formam um batalhão de 104 mil alunos nos bancos das faculdades do país. Mas com uma diferença em relação a 1,5 milhão de estudantes: a idade.
Apesar de já terem passado pela dúvida sobre o que fazer quando crescer, milhares de pessoas com mais de 40 anos decidem mudar o rumo ou incrementar o conhecimento. Obrigados ou não pela faculdade, eles buscam um estágio.
"São pessoas que, provavelmente, já passaram uma fase da carreira e decidiram voltar a estudar por achar que vale a pena redirecioná-la", diz Eduardo de Oliveira, superintendente operacional do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola).
Levantamento exclusivo do Ciee a pedido da Folha aponta que, em 2006, 6.527 estudantes de graduação com mais de 40 anos se inscreveram na instituição em busca de estágio. Desse total, 21% (1.374) fizeram estágio no ano passado.
"É um número significativo", aponta Oliveira. "Como o estágio não inclui os encargos e não exige experiência, talvez seja até mais fácil conquistá-lo [do que uma vaga no mercado]."
A estudante de biblioteconomia Consuelo Monte, 56, está em seu primeiro estágio e percorreu oito empresas até consegui-lo. Graduada em sociologia e com experiência em grandes empresas, teve de "enxugar" o currículo, superqualificado para postos iniciantes.
"Já me perguntaram na entrevista como não tinha conseguido coisa melhor", lembra. "Achei que a idade não me ajudaria, mas estava errada", conta ela, hoje estagiária no Instituto da Pesca, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Entre as vantagens, ela aponta a qualidade de vida que tem com horários flexíveis.

Carreiras
Apesar de os estudantes de pedagogia liderarem o ranking dos concorrentes a uma vaga, são os universitários de direito os que mais conquistam espaço (leia mais no quadro ao lado).
Para Oliveira, do Ciee, em geral, essas carreiras estão entre as mais procuradas para a segunda graduação -cursos que exigem estágio nos currículos. "Eles têm a maturidade que algumas vagas exigem", destaca.
Nilson Mineo Morisava, 41, é um deles. Quando o engenheiro elétrico perdeu seu cargo de supervisor em uma grande empresa, não se abalou. Trocou posto -e salário- por um estágio em direito na área pública.
"A mudança é grande. Mas campo de trabalho eu tenho", diz ele, que cursa o quarto ano de direito. No futuro, Morisava pretende unir as duas carreiras e se tornar perito judicial.


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