São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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sua carreira

Regulamentação restringe turismo a graduados na área

Se aprovado, projeto de lei criará condicionantes para trabalhar no setor

TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nada de trabalhar em um quiosque à beira-mar ou de rodar o mundo em busca de destinos paradisíacos.
Muitos dos profissionais da área de turismo não viajam constantemente -aqueles que o fazem percorrem escritórios de agentes bem longe da praia.
Mas, para quem está disposto a trocar bermuda e chinelos por terno e gravata, o mercado promete boas oportunidades.
Dados recentes do WTTC (Conselho Mundial de Viagem e Turismo) apontam que, em 2007, o setor gerará R$ 184,5 bilhões em atividade econômica e será responsável por 1 em cada 15,5 empregos no Brasil.
No entanto, aos que atuam no setor e nunca freqüentaram o banco de uma faculdade de turismo, hotelaria ou similar, as perspectivas são menos animadoras. Um projeto de lei que está em tramitação no Congresso prevê a regulamentação da profissão de turismólogo.
A proposta, que já foi aprovada em diversas comissões do Senado e da Câmara, tem o objetivo de aumentar o nível de profissionalização do setor.
Para isso, o projeto estipula que seguirá no ramo só quem exibir diploma em alguma faculdade da área ou quem puder comprovar atuação como turismólogo há mais de cinco anos.
Profissionais de turismo, porém, estão reticentes. A coordenadora da área no Senac, Priscila Izawa, por exemplo, diz que a profissionalização do setor já "vem ocorrendo" e "não passa pela regulamentação".
Segundo ela, as atividades desse profissional são muito diversas -o que torna a fiscalização da profissão complexa e pode comprometer a eficácia da possível lei. "Não adianta criar regulamentação e não conseguir fiscalizar", afirma.
"Não acredito que a "reserva de mercado" seja a solução", reforça Mariana Aldrigui, presidente da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo em São Paulo. "Fechar o mercado a quem se formou na área e nunca mais se atualizou trará conseqüências ruins", completa.

Mar à vista
Alheio às discussões sobre regulamentação, o gerente da CVC Roberto Vertemati, 34, diz que nunca teve dúvida de que trabalharia com turismo.
"Sempre gostei de organizar viagens, tinha facilidade. Elaborava roteiros para parentes vizinhos e amigos", conta.
Formado em turismo pela ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes), Vertemati chegou a trabalhar com planejamento turístico para o governo do Estado paulista, mas, logo depois de graduado, migrou para planejamento de destinos.
Quanto à possibilidade de viajar, ele não pode reclamar. Chega a cumprir até três destinos diferentes por semana. Mas alerta para o fato de que "turismólogo não é turista".
"Passo a maior parte do tempo em viagens visitando agentes em centros urbanos e oferecendo novos pacotes", ressalta.


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