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ALVO FÁCIL
Funcionário com estabilidade é principal vítima
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um dos principais alvos de
assédio moral são os profissionais com algum tipo de estabilidade, como diretores de sindicato ou servidores públicos.
Para eles, o terror é mais prolongado devido à dificuldade
de demiti-los. Nesse caso, a estratégia usada pela chefia é tentar vencê-los pelo cansaço.
A servidora pública municipal Mariza Valentim Batista,
45, de Iracemápolis (163 km a
noroeste de São Paulo), sentiu
na pele o peso da estabilidade.
Quando voltou de férias, foi
transferida de sua sala de trabalho para um depósito a mando
do então prefeito da cidade.
Não havia telefone (os cabos
foram arrancados à força) nem
sequer caneta. Ficou dois anos
sem ter o que fazer.
"Fui exposta ao ridículo. Ele
queria me isolar e me fazer pedir demissão", relembra. Para
Batista, tratava-se de rivalidade
política. Ela era simpatizante
do partido de oposição.
Nos primeiros meses, entrou
em depressão e procurou um
psiquiatra. Com o tempo, porém, resolveu adotar outra estratégia: ignorar seu algoz. "Se
ficasse deprimida, entraria no
jogo dele." Dedicou-se ao trabalho voluntário e a seu diário.
Agora, ela está movendo uma
ação por danos morais contra o
ex-prefeito. E, com a nova administração da cidade, voltou a
exercer suas funções. "Entre a
pressão para entregar os pontos e a minha cidadania, fiquei
com a segunda opção."
Segundo pesquisa realizada
pela revista francesa "Rebondir", especializada em questões
de emprego, são as instituições
públicas as que apresentam o
maior índice de suicídios ligados ao assédio, muito embora a
proporção de casos seja quase a
mesma para organizações públicas (29%) e privadas (30%).
Dos 471 entrevistados para a
pesquisa, divulgada em junho
do ano passado, 33% disseram
já ter sofrido assédio. E o problema atingiu indiscriminadamente todos os escalões: executivos (35%), supervisores
(27%) e operários (32%).
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