Oferecido pelo Ceab, curso de quatro meses é 70% teórico e 30% prático

KATHIA NATALIE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Bem-vindos a bordo." Com essa saudação, iniciam as aulas do curso de comissário de bordo do Ceab (Centro Educacional de Aviação do Brasil).
Sem delongas, o instrutor começa a falar sobre técnicas de combate ao pânico, com exemplos de situações ocorridas com ele no tempo em que trabalhava na extinta Transbrasil.
"Cerca de 90% dos acidentes aeronáuticos ocorrem em situações de decolagem e pouso. E o tempo máximo para evacuação é de 90 segundos", diz.
Rigorosamente vestidos como se estivessem prontos para qualquer vôo, os alunos, na faixa dos 20 anos e vindos de várias regiões do Brasil, têm em comum o sonho de ser contratados para viajar pelo mundo.
Recém-formada em turismo, Juliana Coelho, 22, viajou de Goiânia para São Paulo para concretizar o sonho de infância. "Percebi que no turismo seria difícil iniciar a carreira ganhando cerca de R$ 2.000", diz a aluna, que desembolsou R$ 2.500 pelo curso.
Todos os participantes esperam o fim do programa de quatro meses para tentar obter, em novembro, o certificado de conhecimento técnico da Agência Nacional de Aviação Civil.

Paradoxo
Apesar da expectativa, os aprendizes precisam estar preparados para aterrissar em um setor em plena turbulência.
Isso porque, de um lado, com a crise da Varig, muitos comissários perderam o emprego. De outro, o crescimento do setor continua a ampliar a demanda por novos comissários.
"Admitimos 140 funcionários da Varig e outros 300 estão em processo seletivo, sem contar que 50% das vagas criadas vão para quem nunca voou", revela Hugo Chaffel, da Associação dos Tripulantes da TAM.
"Hoje, a concorrência é maior, principalmente para os que acabam de sair das escolas. Anualmente, são formados entre mil e 1.500 comissários. Mas, para quem for persistente, existe a possibilidade de contratação no longo prazo", pondera Graziella Baggio, do Sindicato Nacional do Aeronautas.