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TRABALHO VERDE
País tem 2 milhões de postos na área
Gestor de resíduos e teleatendente estão entre ocupações benéficas ao ambiente, diz OIT
ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dois milhões de brasileiros
podem dizer que trabalham
para reduzir as emissões dos
gases do efeito estufa ou melhorar a qualidade ambiental.
O levantamento, em fase de
finalização, é do escritório da
OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil.
O estudo divide os profissionais em cinco áreas: energias
renováveis, florestal, saneamento básico e gestão de resíduos e riscos ambientais, gestão de materiais e transporte e
telecomunicações.
O número é considerado
representativo por Paulo Sérgio Muçouçah, coordenador de
empregos verdes e trabalho
decente da OIT e responsável
pelo estudo. Foram considerados somente trabalhadores
com carteira assinada, tomando como base a Rais (Relação
Anual de Informações Sociais).
Dos 39,4 milhões de empregos formais no Brasil, 5% são
verdes. Entre essas posições,
no entanto, é possível ter um
cargo verde em uma empresa
poluidora ou ter impacto negativo trabalhando em uma empresa com selo de sustentável,
explica Muçouçah.
Quem adapta os veículos da
Petrobras às taxas de emissões,
por exemplo, é considerado
verde, embora a atividade-fim
da empresa acelere o aquecimento global e deteriore a qualidade ambiental, produzindo o
diesel que alimenta tal veículo.
Há também os que podem se
chamar de verdes, mas que são
de setores muitas vezes caracterizados por não terem um
bom ambiente de trabalho.
É o caso dos atendentes de
telemarketing -o setor de telecomunicações é considerado
benéfico ao ambiente por reduzir a necessidade de deslocamento de pessoas.
Copenhague
A pesquisa da OIT deve ser
divulgada no começo de dezembro, às vésperas da Conferência de Copenhague, que discutirá um acordo sobre o clima.
As ações relativas a esse fenômeno podem ser de adaptação ou de mitigação. Por isso
funcionários da Defesa Civil
-que auxiliam atingidos por
enchente, por exemplo- também são considerados verdes.
O "bem possível" fracasso
em Copenhague pode diminuir, mas não frear, a tendência
de criação de empregos verdes,
analisa Daniel Esty, que leciona legislação e políticas ambientais na Universidade Yale e
foi membro do comitê de transição de Barack Obama.
Muçouçah concorda, pois a
noção de produtividade "já
começa a incorporar a questão
dos recursos naturais".
Além da legislação e da pressão dos consumidores, "fatores
econômicos, como a redução
de desperdícios", são estímulos
às firmas, diz Muçouçah. Entre
eles estão a eficiência energética e a redução e a reutilização
de resíduos industriais ou da
construção civil.
Esty diz que os empregos
verdes não necessariamente
estão associados à inovação:
"Alguns são a implementação
de técnicas já compreendidas".
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