São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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GUIA DOS CONCURSOS

Rendimento inicial alto e seleção democrática seduzem candidatos de 20 e de 40 anos; teto salarial é baixo

Estado é atraente no início e no fim da vida profissional

RAFAEL ALVES PEREIRA
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os empregos públicos se tornaram especialmente atraentes para profissionais que se enquadram em dois extremos opostos -de um lado, recém-formados são seduzidos por salários iniciais muito mais altos do que os que encontrariam no mercado privado; do outro, quem já passa dos 40 anos acha nos concursos oportunidades inexistentes nas empresas.
Apesar de os servidores federais ganharem em média 16% mais do que seus colegas do setor privado, a carreira pública não é indicada para quem é inquieto e ambicioso: a ascensão é lenta, e o teto salarial, menor. Na AGU (Advocacia Geral da União), por exemplo, que paga salário inicial de R$ 4.406, o profissional chega ao fim da carreira ganhando R$ 7.600. Um advogado bem-sucedido pode ganhar o dobro disso.
Outro exemplo: os cargos de delegado e de perito da Polícia Federal têm piso de R$ 7.965,97 e teto de R$ 9.434,44. Embora sem paralelo na iniciativa privada, o que se nota é uma grande proximidade entre os valores inicial e final.
Além disso, as chances de crescimento no setor privado são maiores: não há limite de renda para os mais competentes.
A estabilidade no emprego, por outro lado, é hoje artigo em extinção entre os registrados pela CLT. Na carreira pública, ainda é uma realidade. Quem prefere segurança a grandes salários, portanto, é bom candidato a servidor público. Mas há mais uma série de diferenças a avaliar.

Os dois lados
O casal Rosana e Carlos da Costa, ambos engenheiros civis de Campo Grande (MT), largaram tudo para ir a Brasília. "A iniciativa privada já não paga tão bem. Meu trabalho hoje [analista de controle externo do Tribunal de Contas da União] é mais bem pago, estável, e tenho todos os benefícios trabalhistas garantidos pela lei", pondera Carlos, 41.
Rosana, 41, que trabalhava como oficial de Justiça, pediu exoneração. "Fiquei dois anos só estudando, até que passei na prova para analista de planejamento."
A professora Eniraci Michele Fabre, 50, prestou seu primeiro concurso público em 1973 e até hoje trabalha para o município. Paralelamente, ela atuou em escolas particulares por 25 anos até se aposentar. Mas continua na ativa trabalhando para o município.
Ela diz que, em sua área, a política salarial no setor público é mais "justa". "As boas escolas privadas pagam mais que as públicas. Mas, nas municipais, há plano de carreira e o salário não estaciona."


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