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recursos humanos
Empresas e funcionários divergem sobre retenção
Estudo em 12 países mostra que brasileiro é mais exigente que estrangeiro
ANDRÉ LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um descompasso entre o
que empregados e companhias
consideram a melhor solução
para reter pessoas nas organizações brasileiras. Enquanto os
funcionários preferem aumento, seus chefes planejam oferecer plano de carreira e construir atividades em equipe.
"As empresas querem pensar
na retenção do profissional de
forma a ter um valor agregado,
enquanto o trabalhador pensa
naquilo que é melhor para ele",
explica Fábio Saad, gerente da
Robert Half, consultoria de recrutamento e seleção que elaborou pesquisa com 3.052 pessoas em 12 países, entre fevereiro e março deste ano.
Os brasileiros, indica o estudo, estão entre os mais exigentes na hora de avaliar se continuam em uma empresa. Comparados aos estrangeiros, eles
demandam mais em relação a
plano definido de carreira, horários flexíveis, treinamentos
extras, benefícios indiretos adicionais e envolvimento nas decisões da empresa.
Companhias nacionais oferecem plano definido de carreira, envolvimento nas decisões e
atividades de integração de
equipe. Mesmo assim, a diferença entre o que o profissional
almeja e o que a empresa oferece é grande no Brasil (veja quadro ao lado).
Para Saad, as exigências na
relação entre empregado e empregador se devem a dois fatores: a dificuldade de retenção
de mão de obra qualificada no
Brasil -por ser escassa, é disputada pelas corporações- e o
vínculo emocional com a firma.
"O brasileiro se entrega mais
à relação com o trabalho, que
tem significado social e familiar. O empregado é mais exigente", analisa José Augusto
Figueiredo, vice-presidente da
DBM, consultoria de recursos
humanos. Assim, explica, o salário sempre será uma maneira
de reter talentos, mas não a
única - especialmente para os
trabalhadores com mais tempo
de carreira profissional.
"O brasileiro quer trabalho
em equipe porque, normalmente, é menos especializado e
gosta de se envolver nas decisões da empresa", aponta Saad.
Imediatismo
Figueiredo afirma que é comum o trabalhador ser imediatista ao opinar sobre o que é decisivo para se manter na função. Até porque, diz ele, as empresas têm assumido o papel de
oferecer treinamento.
Por outro lado, indica, a visão
de reter funcionários pode ser
equivocada. "Quando alguém
fala que alguém foi retido, não
está falando de um talento, porque ele é indomável. Reter
[neste caso] é paradoxal."
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