São Paulo, domingo, 02 de maio de 2010

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recursos humanos

Empresas e funcionários divergem sobre retenção

Estudo em 12 países mostra que brasileiro é mais exigente que estrangeiro

ANDRÉ LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há um descompasso entre o que empregados e companhias consideram a melhor solução para reter pessoas nas organizações brasileiras. Enquanto os funcionários preferem aumento, seus chefes planejam oferecer plano de carreira e construir atividades em equipe.
"As empresas querem pensar na retenção do profissional de forma a ter um valor agregado, enquanto o trabalhador pensa naquilo que é melhor para ele", explica Fábio Saad, gerente da Robert Half, consultoria de recrutamento e seleção que elaborou pesquisa com 3.052 pessoas em 12 países, entre fevereiro e março deste ano.
Os brasileiros, indica o estudo, estão entre os mais exigentes na hora de avaliar se continuam em uma empresa. Comparados aos estrangeiros, eles demandam mais em relação a plano definido de carreira, horários flexíveis, treinamentos extras, benefícios indiretos adicionais e envolvimento nas decisões da empresa.
Companhias nacionais oferecem plano definido de carreira, envolvimento nas decisões e atividades de integração de equipe. Mesmo assim, a diferença entre o que o profissional almeja e o que a empresa oferece é grande no Brasil (veja quadro ao lado).
Para Saad, as exigências na relação entre empregado e empregador se devem a dois fatores: a dificuldade de retenção de mão de obra qualificada no Brasil -por ser escassa, é disputada pelas corporações- e o vínculo emocional com a firma.
"O brasileiro se entrega mais à relação com o trabalho, que tem significado social e familiar. O empregado é mais exigente", analisa José Augusto Figueiredo, vice-presidente da DBM, consultoria de recursos humanos. Assim, explica, o salário sempre será uma maneira de reter talentos, mas não a única - especialmente para os trabalhadores com mais tempo de carreira profissional.
"O brasileiro quer trabalho em equipe porque, normalmente, é menos especializado e gosta de se envolver nas decisões da empresa", aponta Saad.

Imediatismo
Figueiredo afirma que é comum o trabalhador ser imediatista ao opinar sobre o que é decisivo para se manter na função. Até porque, diz ele, as empresas têm assumido o papel de oferecer treinamento.
Por outro lado, indica, a visão de reter funcionários pode ser equivocada. "Quando alguém fala que alguém foi retido, não está falando de um talento, porque ele é indomável. Reter [neste caso] é paradoxal."


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