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CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Pesquisadores descobrem o novo "reino" empresarial
JULIANA DORETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Não gosto quando me perguntam como cuidar da samambaia. Sou bióloga, mas não
sei responder sobre tudo", diz
Ludmilla de Souza Aguiar, 46,
pesquisadora da Embrapa.
De fato, enquanto a bióloga
estuda o cerrado brasileiro,
seus colegas da graduação
atualmente se debruçam sobre
temas completamente diferentes, como os genes de uma
espécie de cana ou a recuperação de florestas devastadas.
Quase tão diversa quanto as
formas de vida na Terra, a biologia incuba cada vez mais diferentes ramos de trabalho.
"Empresas agora procuram
biólogos para medir o impacto
de uma ação no ambiente",
aponta Humberto Mariotti, 66,
diretor técnico da BSP Career.
"O desenvolvimento de medicamentos e de produtos agrícolas tem hoje base em engenharia genética. É um novo
paradigma", acrescenta Pedro
Guioto Frascino, 57, da DBM.
Para se destacar, no entanto,
é essencial mostrar-se flexível.
"É preciso entender as ferramentas da biologia molecular,
da genética e da bioquímica",
destaca Sérgio Luis Felisbino,
36, professor do Instituto de
Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Dividir a bancada de trabalho
com profissionais de outras
áreas e construir conhecimento juntos é outro pré-requisito.
"Na genética, é preciso trabalhar com equipes multidisciplinares, com médico, agrônomo,
veterinário", explica Frascino.
Descaso
Apesar da mudança de curso
das carreiras ligadas às ciências
biológicas, o profissional ainda
enfrenta desafios estruturais.
"Há muito descaso com a
pesquisa. Falta interesse político", menciona Ludmilla Agui-ar, especialista em ecologia.
"Em tratamento do corpo
humano, poucos têm acesso
a técnicas da genética, da bio-logia molecular", diz Mariotti.
Mesmo com as barreiras,
quem sai da faculdade já tem
uma resposta mais firme para o
inevitável "o que fazer agora?".
"Ainda existe preconceito: se
não for engenharia, medicina,
direito, parece que você não está numa faculdade de verdade.
Ou dizem: "Fez biologia? Vai ser
professora?'", comenta Fernanda Barreto Leme de Magalhães, 22, aluna do quarto ano
de ciências biológicas da USP.
CINCO RAZÕES
Avanço do agronegócio
Expansão do estudo dos genes
Responsabilidade ambiental em
alta nas empresas
Integração de outras áreas com
genética e biotecnologia
Ampliação das pesquisas na descoberta de medicamentos
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