São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Pesquisadores descobrem o novo "reino" empresarial

JULIANA DORETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Não gosto quando me perguntam como cuidar da samambaia. Sou bióloga, mas não sei responder sobre tudo", diz Ludmilla de Souza Aguiar, 46, pesquisadora da Embrapa.
De fato, enquanto a bióloga estuda o cerrado brasileiro, seus colegas da graduação atualmente se debruçam sobre temas completamente diferentes, como os genes de uma espécie de cana ou a recuperação de florestas devastadas.
Quase tão diversa quanto as formas de vida na Terra, a biologia incuba cada vez mais diferentes ramos de trabalho.
"Empresas agora procuram biólogos para medir o impacto de uma ação no ambiente", aponta Humberto Mariotti, 66, diretor técnico da BSP Career.
"O desenvolvimento de medicamentos e de produtos agrícolas tem hoje base em engenharia genética. É um novo paradigma", acrescenta Pedro Guioto Frascino, 57, da DBM.
Para se destacar, no entanto, é essencial mostrar-se flexível.
"É preciso entender as ferramentas da biologia molecular, da genética e da bioquímica", destaca Sérgio Luis Felisbino, 36, professor do Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Dividir a bancada de trabalho com profissionais de outras áreas e construir conhecimento juntos é outro pré-requisito.
"Na genética, é preciso trabalhar com equipes multidisciplinares, com médico, agrônomo, veterinário", explica Frascino.

Descaso
Apesar da mudança de curso das carreiras ligadas às ciências biológicas, o profissional ainda enfrenta desafios estruturais.
"Há muito descaso com a pesquisa. Falta interesse político", menciona Ludmilla Agui-ar, especialista em ecologia.
"Em tratamento do corpo humano, poucos têm acesso a técnicas da genética, da bio-logia molecular", diz Mariotti.
Mesmo com as barreiras, quem sai da faculdade já tem uma resposta mais firme para o inevitável "o que fazer agora?".
"Ainda existe preconceito: se não for engenharia, medicina, direito, parece que você não está numa faculdade de verdade. Ou dizem: "Fez biologia? Vai ser professora?'", comenta Fernanda Barreto Leme de Magalhães, 22, aluna do quarto ano de ciências biológicas da USP.

CINCO RAZÕES

Avanço do agronegócio

Expansão do estudo dos genes

Responsabilidade ambiental em alta nas empresas

Integração de outras áreas com genética e biotecnologia

Ampliação das pesquisas na descoberta de medicamentos


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