São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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NOVOS TRAJETOS

Panorama para mulheres evolui aos poucos no país

Em cargos de chefia, público feminino passou de 6% para 10% em 4 anos

Renato Stockler/Folha Imagem
A motorista Cristiane da Silva Rodrigues, que foi a primeira mulher a conduzir um ônibus na empresa em que trabalhava


RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O panorama ainda não é cor-de-rosa. O mercado de trabalho, contudo, tem ganhado contornos mais femininos. Inclusive em áreas anteriormente restritas ao universo masculino.
Algumas estatísticas indicam as medidas dessa conquista. O nível de ocupação de mulheres subiu de 45,5%, em 2004, para 46,4%, em 2005. Em cargos de diretoria nas grandes empresas, elas passaram de 6% para 10,6%, de 2001 a 2005.
Mesmo assim, o ingresso de trabalhadoras em alguns setores ainda é lento. Entre motoristas de ônibus urbanos, metropolitanos e rodoviários, por exemplo, o índice de mulheres foi de 0,64% para 0,69%, entre 2004 e 2005, de acordo com o Ministério do Trabalho.
A diferença para mais, mesmo que pouco representativa, muitas vezes é obtida graças ao esforço dos sindicatos, como o de motoristas de São Paulo.
Desde 2005, o acordo coletivo da categoria inclui uma cláusula que impõe às companhias do segmento a contratação de mulheres até que atinjam 5% do quadro de funcionários.
A diretora-executiva do sindicato, Edileusa Alves Ferreira, 43, calcula que o setor tenha cerca de 10% de mulheres. "Em algumas empresas, elas já representam 90% dos motoristas", avalia.
Cristiane da Silva Rodrigues, 32, é uma das que trabalham e fizeram carreira nessa área.
Começou como cobradora, há 13 anos. Aprendeu a dirigir três anos depois. Desde 2001, conduz um ônibus que leva e traz passageiros de Guaianazes à Vila Mariana, em São Paulo.
Sem conseguir escapar do preconceito, diz, tornou-se a primeira mulher a conduzir um ônibus da companhia anterior.
"No começo, não queriam me deixar dirigir. Mas insisti."

Propostas
Para Laís Abramo, diretora da OIT (Organização Internacional do Trabalho), o caminho da igualdade profissional passa por "promover a ocupação feminina em trabalhos tradicionalmente masculinos e rever planos de cargos e salários".
A diretora da SHV Gas Brasil, Angela Flôres Furtado, 53, adiciona outro item a essa lista. "O sucesso depende também do tamanho de nossos sonhos", afirma ela, que diz trabalhar em um "segmento machista, em que 99% dos cargos de chefia são ocupados por homens".


Com BARBARA CASTRO , colaboração para a Folha


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