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NOVOS TRAJETOS
Panorama para mulheres evolui aos poucos no país
Em cargos de chefia, público feminino passou de 6% para 10% em 4 anos
Renato Stockler/Folha Imagem
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A motorista Cristiane da Silva Rodrigues, que foi a primeira mulher a conduzir um ônibus na empresa em que trabalhava |
RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL
O panorama ainda não é cor-de-rosa. O mercado de trabalho, contudo, tem ganhado contornos mais femininos. Inclusive em áreas anteriormente restritas ao universo masculino.
Algumas estatísticas indicam
as medidas dessa conquista.
O nível de ocupação de mulheres subiu de 45,5%, em 2004,
para 46,4%, em 2005. Em cargos de diretoria nas grandes
empresas, elas passaram de 6%
para 10,6%, de 2001 a 2005.
Mesmo assim, o ingresso de
trabalhadoras em alguns setores ainda é lento. Entre motoristas de ônibus urbanos, metropolitanos e rodoviários, por
exemplo, o índice de mulheres
foi de 0,64% para 0,69%, entre
2004 e 2005, de acordo com o
Ministério do Trabalho.
A diferença para mais, mesmo que pouco representativa,
muitas vezes é obtida graças ao
esforço dos sindicatos, como o
de motoristas de São Paulo.
Desde 2005, o acordo coletivo da categoria inclui uma cláusula que impõe às companhias
do segmento a contratação de
mulheres até que atinjam 5%
do quadro de funcionários.
A diretora-executiva do sindicato, Edileusa Alves Ferreira,
43, calcula que o setor tenha
cerca de 10% de mulheres. "Em
algumas empresas, elas já representam 90% dos motoristas", avalia.
Cristiane da Silva Rodrigues,
32, é uma das que trabalham e
fizeram carreira nessa área.
Começou como cobradora,
há 13 anos. Aprendeu a dirigir
três anos depois. Desde 2001,
conduz um ônibus que leva e
traz passageiros de Guaianazes
à Vila Mariana, em São Paulo.
Sem conseguir escapar do
preconceito, diz, tornou-se a
primeira mulher a conduzir um
ônibus da companhia anterior.
"No começo, não queriam
me deixar dirigir. Mas insisti."
Propostas
Para Laís Abramo, diretora
da OIT (Organização Internacional do Trabalho), o caminho
da igualdade profissional passa
por "promover a ocupação feminina em trabalhos tradicionalmente masculinos e rever
planos de cargos e salários".
A diretora da SHV Gas Brasil,
Angela Flôres Furtado, 53, adiciona outro item a essa lista. "O
sucesso depende também do
tamanho de nossos sonhos",
afirma ela, que diz trabalhar em
um "segmento machista, em
que 99% dos cargos de chefia
são ocupados por homens".
Com BARBARA CASTRO , colaboração para a
Folha
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