São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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Novos trajetos

Ocupação feminina chega a 56% no ensino superior

Habilitações como engenharia, porém, têm poucas mulheres em sala

DA REPORTAGEM LOCAL

As mulheres dominam hoje o ensino superior: representam 56% dos estudantes de cursos de graduação presenciais, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
É na academia, no entanto, que começa parte da diferença observada no mercado de trabalho. A escolha de estudantes, por vezes, reforça a tradição dos sexos em algumas áreas.
Engenharia é um dos exemplos. Apesar de ter havido um aumento no número de mulheres matriculadas nessa graduação, áreas como aeronáutica e mecatrônica continuam a computar índices inferiores a 6% de concluintes do sexo feminino.
A de eletrotécnica teve 5,3% de concluintes mulheres no último censo educacional. Pris- cilla Pimenta, 21, do terceiro ano, é uma das que pretendem incrementar esse percentual.
A universitária diz não acreditar que enfrentará preconceitos na trajetória profissional. Mas conta que já encontrou, algumas vezes, ofertas de estágio que recrutavam somente estudantes do sexo masculino.
"Quero crer que haja essa limitação porque o cargo exige força física", considera.
Graduada há dez anos em engenharia civil, Kelly Ferro, 32, também diz ter encontrado anúncios com ofertas de estágio que restringiam a participação de mulheres na seleção.
Afirma que o sexo foi o fator que a barrou em uma seleção durante a graduação. "O entrevistador disse que não me deixaria sozinha em um lugar cheio de homens", lembra.
Sua trajetória mudou ao participar de um processo seletivo de uma firma de engenharia que só recrutava mulheres.
Há dois anos, ela atua no departamento de engenharia de pós-vendas da Tecnisa. "As mulheres têm mais habilidade nessa área", assinala.

Ascensão
O ingresso das mulheres nas universidades, destaca a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Cristina Bruschini, permite que as mulheres tenham ocupações mais qualificadas.
"Não há diferenças entre homens e elas em relação à produtividade. Estamos na era do computador, não há mais necessidade de força física."
Apesar de destacar o aumento da presença feminina em carreiras como medicina, direito e engenharia, Bruschini ressalta que diferenças históricas, como a desproporção salarial, "persistem e vão continuar".


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