IGOR GIANNASI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Seguindo o lema de que ninguém conhece melhor a empresa do que o funcionário que trabalha nela, algumas companhias têm percebido que dar vez às idéias dos colaboradores pode ser um bom negócio.
A fabricante de motores a diesel MWM International, por exemplo, economizou R$ 2,5 milhões em 2007 graças às sugestões dos empregados.
Aplicado há dois anos na fábrica de São Paulo, o programa recebe contribuições individuais ou de grupos. Dependendo do resultado alcançado -como redução de custos ou melhoria da qualidade do produto-, a idéia recebe uma pontuação. Esse valor acumulado pode ser trocado por produtos.
Jésus Faria Martins, 44, ferramenteiro da MWM, já conseguiu trocar os pontos por geladeira, microondas e roupas.
Uma das iniciativas dele foi criar uma chave que evita danos no filtro de óleo do motor. "Faz bem para o meu ego e para meu crescimento profissional", avalia Martins. Sua próxima meta é o carro sorteado na festa de fim de ano da companhia -só os empregados com três ou mais idéias implementadas recebem cupons para concorrer.

Exposição
Para Maria de Fátima Ohl Braga, diretora da Ohl Braga Consultoria, o reconhecimento formal da colaboração do funcionário é relevante, mas, sozinho, não seria "justo", já que as empresas obtêm ganhos com a aplicação das idéias.
"O empresário não é bonzinho por natureza. É importante que ocorram retornos financeiros ao profissional."
Há casos em que a visibilidade dentro da companhia serve mais como incentivo para apresentar idéias inovadoras do que os ganhos monetários.
Ao longo do ano em que começou a trabalhar na Ticket Seg, Enio Nose, 30, fez cinco sugestões ao programa de idéias.
Três foram aprovadas, e uma -um seguro de acidentes pessoais para comerciantes-, implantada com seu auxílio. "Tive a exposição que procurava. No processo, conheci pessoas de outras áreas, o que foi importante para minha carreira."
"O reconhecimento e o crescimento profissional são conseqüência", aponta Gustavo Chicarino, diretor de estratégia e desenvolvimento de negócios da Accor Services, empresa da qual a Ticket Seg faz parte.
Das 86 idéias sugeridas pelos funcionários desde 2004, 12 foram implantadas e 26 estão atualmente em fase de estudo.
Iniciativas para estimular a contribuição de funcionários com idéias são coerentes com corporações que apresentam modelo de gestão participativa, na avaliação de Jacqueline Resch, diretora da Resch RH. "A empresa cujos funcionários não pensam sobre o negócio tende a morrer", sentencia.


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