São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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VOLUNTARIADO

Para 51%, atuação social facilita busca por oportunidade

Trabalho "grátis" em outra firma é bem-visto por 68%

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para 51% das empresas, um candidato inexperiente que tenha trabalhado em projetos sociais, sem salário, tem mais chances de ser efetivado.
Respeito, credibilidade e responsabilidade são valores atribuídos a quem já exerceu trabalho voluntário, atividade em que alguém doa seu tempo e seu talento sem remuneração.
Para Luiz Carlos Merege, coordenador do Cets (Centro de Estudos do Terceiro Setor), da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas), está aumentando a consciência de que o voluntário adquire características humanas importantes no trabalho.
"[A pessoa] aprende a ter respeito, a ser justo, a tratar todos como iguais. A competição cede lugar ao coletivo. É outra percepção do mundo", diz.
Para a consultora de responsabilidade social Ruth Goldberg, professora do Ceats (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor), da FIA (Fundação Instituto de Administração), voluntários são bem-vistos porque desenvolvem espírito de cooperação, aprendem a lidar com recursos escassos, têm desempenho mais qualificado e são preparados para enxergar problemas de forma sistêmica.

Rede de contatos
O trabalho voluntário pode trazer outro benefício: contatos com pessoas da área em que se quer trabalhar. "São portas para um emprego", diz Merege.
Em geral, o empregador prefere quando a atividade tem a ver com a função que o candidato quer desempenhar.
A experiência é especialmente valorizada no comércio, setor em que 76% dizem que o voluntariado social aumenta as chances do candidato. "Nosso negócio é gente. O voluntário vê a faceta de servir ao próximo, é solícito e compreende as necessidades de cada cliente", elogia Anísia Sokei, gerente de RH da Camicado. "A prática está começando a ser solicitada. Não é um fator decisório, mas é bem-visto", diz Clarice Costa, gerente-geral de RH da Renner.
Segundo pesquisa da Ipsos Marplan feita entre janeiro e dezembro do ano passado, 6% dos jovens de 15 a 19 anos (6.481 entrevistados) e 7% dos que têm entre 20 e 24 anos (6.392 entrevistados) atuam como voluntários. "Os jovens têm refletido sobre isso", comenta Paulo Cidade, diretor de planejamento da Ipsos Public Affairs.
"No voluntariado, é possível descobrir talentos e potencial", prevê Golberg. Mas a atividade precisa ser levada a sério. "Deve ser uma ação responsável, há compromisso com o outro."

De graça
Fora do mundo do voluntariado social, ter trabalhado sem remuneração em uma empresa para aprender e adquirir experiência aumenta a chance de contratação na opinião de 68% das empresas entrevistadas pelo Datafolha. A maioria (52%), porém, diz que o candidato que se oferece a elas para trabalhar de graça não tem chance maior na seleção para a vaga.
Cristina Bonini, diretora de RH da KPMG, conta que dois universitários pediram recentemente para estagiar de graça na empresa -a idéia era usar a experiência no trabalho de conclusão de curso. "É complicado por causa da legislação", diz.
O risco é o de que, depois, seja reconhecido pela Justiça o vínculo empregatício. No caso, a solução para permitir o estágio foi um contrato detalhado.
(MARIANA IWAKURA)


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