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VOLUNTARIADO
Para 51%, atuação social facilita busca por oportunidade
Trabalho "grátis" em outra firma é bem-visto por 68%
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para 51% das empresas, um
candidato inexperiente que tenha trabalhado em projetos sociais, sem salário, tem mais
chances de ser efetivado.
Respeito, credibilidade e responsabilidade são valores atribuídos a quem já exerceu trabalho voluntário, atividade em
que alguém doa seu tempo e
seu talento sem remuneração.
Para Luiz Carlos Merege,
coordenador do Cets (Centro
de Estudos do Terceiro Setor),
da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de
São Paulo, da Fundação Getulio Vargas), está aumentando a
consciência de que o voluntário
adquire características humanas importantes no trabalho.
"[A pessoa] aprende a ter respeito, a ser justo, a tratar todos
como iguais. A competição cede lugar ao coletivo. É outra
percepção do mundo", diz.
Para a consultora de responsabilidade social Ruth Goldberg, professora do Ceats (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor), da FIA (Fundação
Instituto de Administração),
voluntários são bem-vistos
porque desenvolvem espírito
de cooperação, aprendem a lidar com recursos escassos, têm
desempenho mais qualificado e
são preparados para enxergar
problemas de forma sistêmica.
Rede de contatos
O trabalho voluntário pode
trazer outro benefício: contatos com pessoas da área em que
se quer trabalhar. "São portas
para um emprego", diz Merege.
Em geral, o empregador prefere quando a atividade tem a
ver com a função que o candidato quer desempenhar.
A experiência é especialmente valorizada no comércio, setor em que 76% dizem que o voluntariado social aumenta as
chances do candidato. "Nosso
negócio é gente. O voluntário
vê a faceta de servir ao próximo,
é solícito e compreende as necessidades de cada cliente",
elogia Anísia Sokei, gerente de
RH da Camicado. "A prática está começando a ser solicitada.
Não é um fator decisório, mas é
bem-visto", diz Clarice Costa,
gerente-geral de RH da Renner.
Segundo pesquisa da Ipsos
Marplan feita entre janeiro e
dezembro do ano passado, 6%
dos jovens de 15 a 19 anos (6.481
entrevistados) e 7% dos que
têm entre 20 e 24 anos (6.392
entrevistados) atuam como voluntários. "Os jovens têm refletido sobre isso", comenta Paulo
Cidade, diretor de planejamento da Ipsos Public Affairs.
"No voluntariado, é possível
descobrir talentos e potencial",
prevê Golberg. Mas a atividade
precisa ser levada a sério. "Deve
ser uma ação responsável, há
compromisso com o outro."
De graça
Fora do mundo do voluntariado social, ter trabalhado sem
remuneração em uma empresa
para aprender e adquirir experiência aumenta a chance de
contratação na opinião de 68%
das empresas entrevistadas pelo Datafolha. A maioria (52%),
porém, diz que o candidato que
se oferece a elas para trabalhar
de graça não tem chance maior
na seleção para a vaga.
Cristina Bonini, diretora de
RH da KPMG, conta que dois
universitários pediram recentemente para estagiar de graça
na empresa -a idéia era usar a
experiência no trabalho de conclusão de curso. "É complicado
por causa da legislação", diz.
O risco é o de que, depois, seja
reconhecido pela Justiça o vínculo empregatício. No caso, a
solução para permitir o estágio
foi um contrato detalhado.
(MARIANA IWAKURA)
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