São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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MÚLTIPLO COMUM

Mercado se abre a administração

Pesquisa mostra que a carreira com mais alunos é a mais desejada por 39% das empresas

RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Administração é a área que mais tem alunos matriculados no país: eram mais de 600 mil no último censo do MEC (Ministério da Educação), de 2004.
Porém, mesmo com tantos profissionais "despejados" a cada ano no mercado de trabalho, a demanda das firmas impede a saturação de vagas na carreira.
É o que indica a "Pesquisa sobre o Perfil, Formação, Atuação e Mercado de Trabalho do Administrador", realizada pelo CFA (Conselho Federal de Administração) e pela FIA (Fundação Instituto de Administração) com 11.648 pessoas, entre professores, administradores e empregadores, de outubro do ano passado a março de 2006.
A última edição do estudo, revelado com exclusividade pela Folha, mostra que os profissionais da área estão conquistando espaço. Hoje, é disparada a habilitação de nível superior que as empresas têm maior interesse em contratar, mencionada por 39% delas, à frente de engenharia (19%), ciências contábeis (6%) e direito (3%).
A previsão do CFA é que o mercado de trabalho se amplie também de outra forma, graças a uma parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Até o fim do ano, as entidades pretendem finalizar uma proposta para o desenvolvimento de pequenas e médias firmas.
"Tentaremos impedir que as empresas fechem nos primeiros anos de funcionamento. Isso passará pela criação de novos postos de trabalho", prevê o presidente do CFA, Rui Otávio Bernardes de Andrade.
Ele prefere não arriscar o número de empregos que podem ser gerados, mas dá a proporção do mercado. "O Brasil tem 7 milhões de firmas, e os profissionais somam 1,5 milhão."

Quem são eles
Dos entrevistados, 67% são homens, 36% ganham de cinco a dez salários mínimos, 60,5% têm especialização e 78% declaram fluência em inglês.
Entre os que ingressam no bacharelado, 25% buscam subsídios para abrir ou ampliar uma empresa ou aprimorar a carreira. Foi o caso de Ricardo Cruz, 27, graduado em análise de sistemas: queria adquirir informações em administração para gerir sua firma de prestação de serviços de informática.
"Mudei de área de atuação. Hoje, estou mais ligado à administração do que à tecnologia. O curso é indispensável", afirma.
A administradora Alessandra Nunes Rocha, 26, não compartilha da opinião de Cruz. Formada há um ano, não encontrou emprego na área. Está na área de telemarketing.
"Se pudesse voltar no tempo, faria psicologia", diz, acrescentando que não sabe se terá retorno do investimento que fez em sua graduação. E completa: "Eu me arrependi [de ter cursado administração]. É impossível conseguir emprego sem experiência e idioma estrangeiro. Sinto como se tivesse me esforçado para nada", resume.


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