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MÚLTIPLO COMUM
Mercado se abre a administração
Pesquisa mostra que a carreira com mais alunos é a mais desejada por 39% das empresas
RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL
Administração é a área que
mais tem alunos matriculados
no país: eram mais de 600 mil
no último censo do MEC (Ministério da Educação), de 2004.
Porém, mesmo com tantos
profissionais "despejados" a cada ano no mercado de trabalho,
a demanda das firmas impede a
saturação de vagas na carreira.
É o que indica a "Pesquisa sobre o Perfil, Formação, Atuação
e Mercado de Trabalho do Administrador", realizada pelo
CFA (Conselho Federal de Administração) e pela FIA (Fundação Instituto de Administração) com 11.648 pessoas, entre
professores, administradores e
empregadores, de outubro do
ano passado a março de 2006.
A última edição do estudo,
revelado com exclusividade pela Folha, mostra que os profissionais da área estão conquistando espaço. Hoje, é disparada
a habilitação de nível superior
que as empresas têm maior interesse em contratar, mencionada por 39% delas, à frente de
engenharia (19%), ciências
contábeis (6%) e direito (3%).
A previsão do CFA é que o
mercado de trabalho se amplie
também de outra forma, graças
a uma parceria com o Sebrae
(Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas).
Até o fim do ano, as entidades
pretendem finalizar uma proposta para o desenvolvimento
de pequenas e médias firmas.
"Tentaremos impedir que as
empresas fechem nos primeiros anos de funcionamento.
Isso passará pela criação de
novos postos de trabalho", prevê o presidente do CFA, Rui
Otávio Bernardes de Andrade.
Ele prefere não arriscar o número de empregos que podem
ser gerados, mas dá a proporção do mercado. "O Brasil tem
7 milhões de firmas, e os profissionais somam 1,5 milhão."
Quem são eles
Dos entrevistados, 67% são
homens, 36% ganham de cinco
a dez salários mínimos, 60,5%
têm especialização e 78% declaram fluência em inglês.
Entre os que ingressam no
bacharelado, 25% buscam subsídios para abrir ou ampliar
uma empresa ou aprimorar a
carreira. Foi o caso de Ricardo
Cruz, 27, graduado em análise
de sistemas: queria adquirir informações em administração
para gerir sua firma de prestação de serviços de informática.
"Mudei de área de atuação.
Hoje, estou mais ligado à administração do que à tecnologia. O
curso é indispensável", afirma.
A administradora Alessandra
Nunes Rocha, 26, não compartilha da opinião de Cruz. Formada há um ano, não encontrou emprego na área. Está na
área de telemarketing.
"Se pudesse voltar no tempo,
faria psicologia", diz, acrescentando que não sabe se terá retorno do investimento que fez
em sua graduação. E completa:
"Eu me arrependi [de ter cursado administração]. É impossível conseguir emprego sem experiência e idioma estrangeiro.
Sinto como se tivesse me esforçado para nada", resume.
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