São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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MÚLTIPLO COMUM

Segundo mais procurado, direito tem campo restrito

Já em pedagogia, concursos sinalizam demanda aquecida por professor

DA REPORTAGEM LOCAL

Administração é a primeira em número de estudantes. Mas a segunda colocada não fica muito atrás. Em 2004, de acordo com o MEC (Ministério da Educação), 533.317 pessoas estavam matriculadas em direito. O terceiro lugar era ocupado por pedagogia, com 278.026.
A democratização do ensino superior permitiu um aumento de freqüência de 26% de 2001 a 2003. Desde o início da década, o total de matrículas em instituições de ensino superior no país cresceu 55%.
Apesar de os profissionais com diploma de graduação ainda serem minoria no mercado de trabalho, o aumento de instituições de ensino superior e, conseqüentemente, de alunos, fez crescer a concorrência no mercado, já que as vagas não foram criadas no mesmo ritmo.
"A oferta de vagas na graduação foi ampliada sem critérios", opina o presidente da comissão de ensino jurídico da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Sebastião Tojal. "O mercado não tem necessidade de todos os que se formam."
Tojal afirma que apenas os que saem da faculdade com bons conhecimentos terão chance no mercado. E aconselha: "É importante que eles busquem ramos do direito que estão se desenvolvendo".
Parte desses estudantes, no entanto, compõe o grupo dos que prestaram vestibular e estudaram, mas não têm planos para "desengavetar o diploma".
Graduada em direito, Elisabeth Giraldi, 34, sequer fez a prova da OAB, requisito para o exercício da profissão.
"Eu era muito nova quando ingressei na universidade. Não sabia o que queria", lembra.
Por não ter feito estágio, diz ela, "não conseguiria um bom emprego em uma grande empresa". Por isso seguiu pelo comércio e, hoje, comanda uma loja de doces, a Maria Bolo.
"O que aprendi na faculdade não me ajudou muito", completa Giraldi. Depois, retifica: "Talvez use o que estudei em alguns momentos, mas não aprendi a dar valor a isso".

Nas salas de aula
O aumento da oferta de vagas não se deu apenas no ensino superior. E é isso o que ajuda a impulsionar a área de pedagogia.
"Há uma demanda reprimida, já que, hoje, quase 100% das crianças de 6 a 14 anos estão na escola", explica Gisela Wajskop, diretora do Instituto Singularidades. De acordo com ela, a universalização do ensino, intensificada há 15 anos, fez "aumentar o número de alunos, mas não o de professores".
A diretora do Sinpro-Rio (sindicato dos professores do Rio de Janeiro), Ireni Felizardo, minimiza: "Tem havido muitos concursos para professor nos últimos tempos". (RB)


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