São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


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Contra-ataque ao assédio

Greg Salibiani/Folha Imagem
Eduardo Bredarioli fez opção por empresa com horário flexível




Empresas se mexem para impedir debandada de profissionais-chave rumo a áreas em efervescência, como Internet e telefonia
THAIS ABRAHÃO
da Reportagem Local

As empresas estão fazendo mágica para tentar guardar seus talentos a sete chaves e evitar perder bons profissionais de sua equipe, principalmente em segmentos em efervescência, como telecomunicações e informática.
Como os altos salários já não têm sozinhos a mesma magia, os empregadores usam a criatividade para oferecer novos atrativos e segurar funcionários estratégicos.
Resultado: bônus por produtividade, horário flexível, cursos subsidiados e distribuição de ações (as "stock options") passaram de benefício a exigência.
"Atuamos num mercado tão competitivo que o assédio da concorrência é ininterrupto", afirma Eliane Sarcinella, diretora de RH Mercosul da Sun Microsystems.
Para inibir as investidas, a empresa adotou um programa agressivo de retenção, que inclui a revisão salarial, cursos, viagens e a venda de ações com desconto de 15%, além das "stock options".
Para Paul Leveson, da K/F Selection, divisão da Korn Ferry International que atua no recrutamento de executivos, a Internet criará demandas em diversos setores. Por conta disso, as empresas também valorizam mais os profissionais das áreas comercial, financeira e administrativa.
"Há oportunidades de ascensão, mas pessoas muito qualificadas nem sempre esperam surgir uma posição à altura na companhia", avalia Sara Behmer, diretora de RH da Ticket Restaurante, empresa do grupo Accor.
E não faltam vagas para profissionais "prontos". "Para reestruturar a área comercial, buscamos a nata do mercado", exemplifica Françoise Trapenard, superintendente de RH da Telefônica.
A empresa fez 900 contratações, entre gerentes, superintendentes e diretores. Os alvos foram as áreas de varejo, serviços e bancos.
Na Internet, o assédio não fica atrás. "Como a Web não tem muita mão-de-obra treinada, as empresas investem para conquistar as "cabeças pensantes'", diz Luís Mário Bilenky, presidente da Starmedia Interactive Group.

11 propostas
Felipe Deieno Alves da Costa, 19, webdesigner da Brazil Connection, que desenvolve sites e lojas virtuais na Internet, recebeu 11 propostas de trabalho só neste ano. Entre elas, uma "irrecusável", de triplicar o salário.
"Fiquei balançado, mas 90% do que sei aprendi aqui, o que deixou o vínculo mais forte", diz Costa.
Para não perdê-lo, a empresa cobriu a oferta e ofereceu uma participação nos lucros. O horário flexível e o ambiente também pesaram na decisão de ficar. "O salário não seria atraente sem liberdade para criar", avalia.


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