São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


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VAGAS NAS OLIMPÍADAS

Polícia suspeita de estelionato e de exportação ilegal de mão-de-obra

MBrazil é alvo de denúncias

free-lance para a Folha

A polícia começou a apurar denúncias contra a agência de trabalhos no exterior MBrazil, acusada de não-cumprimento de contrato, de não dar assistência aos clientes em outros países e de exportar mão-de-obra ilegalmente.
A MBrazil foi citada em reportagem da Folha no dia 27 por estar divulgando recrutamento para vagas nas Olimpíadas de Sydney.
No último dia 18, quatro ex-clientes procuraram a polícia de Jundiaí (60 km de SP), sede da empresa, para prestar queixa.
Elas haviam fechado contrato para trabalhar como "au pair" (espécie de babá) no exterior, mas não chegaram a viajar. A empresa se encarregaria de disponibilizar seus dados às famílias estrangeiras, que entrariam em contato diretamente com as brasileiras.
Após pagar taxas de R$ 1.000 a R$ 1.500 à MBrazil, elas afirmam só ter recebido propostas que não se adequavam ao seu perfil e suspeitam de que sejam falsas.
"Além disso, cheguei a ser contatada por um suposto banqueiro inglês que queria me contratar como acompanhante", diz Marta Rosângela Cozer, 29, encarregada de departamento de pessoal.

Denúncias
Segundo o delegado titular do 1º Distrito de Jundiaí, Paulo Sergio Martins, a acusação formal contra a MBrazil é a de estelionato, por não cumprir promessas. Mas, a partir das informações de Marta, a polícia também investiga a hipótese de envolvimento com o tráfico internacional de mulheres.
As quatro ex-clientes entregaram à polícia uma lista com mais de 50 nomes de pessoas que, segundo elas, também estariam descontentes com a agência.
"Pedimos o dinheiro de volta, mas só recebemos o valor no dia em que fizemos o B.O. (boletim de ocorrência)", conta Marta.
Segundo o delegado, outras clientes da MBrazil já ligaram para a polícia, mas ainda não formalizaram a queixa. "Vamos investigar se houve a intenção de praticar os crimes ou se foi um mal-entendido comercial", diz Martins.
Na apuração das acusações de estelionato, a polícia descobriu que a empresa orientava as candidatas a viajar ao exterior para trabalhar usando visto de turista.
A partir de outra denúncia, o delegado Mario Grachet, da Polícia Federal de Campinas (SP), também instaurou inquérito. "Vamos checar a acusação de uma pessoa que foi deportada da Inglaterra por ter visto irregular."

Curso inexistente
A polícia apurou ainda que não existe, em Londres, o curso de idiomas indicado às candidatas.
Segundo a revista "IstoÉ", há casos de brasileiras no exterior que teriam viajado para trabalhar e estudar, mas estariam sendo submetidas a trabalhos domésticos sem folga e até a cárcere privado por famílias estrangeiras.
Fundada há dois anos, a MBrazil tem franquias em São Paulo, Curitiba, Londrina (PR), João Pessoa e Rio de Janeiro. Cerca de 200 pessoas já teriam participado de seus programas no exterior.


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