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VAGAS NAS OLIMPÍADAS
Polícia suspeita de estelionato e de exportação ilegal de mão-de-obra
MBrazil é alvo de denúncias
free-lance para a Folha
A polícia começou a apurar denúncias contra a agência de trabalhos no exterior MBrazil, acusada
de não-cumprimento de contrato, de não dar assistência aos
clientes em outros países e de exportar mão-de-obra ilegalmente.
A MBrazil foi citada em reportagem da Folha no dia 27 por estar
divulgando recrutamento para
vagas nas Olimpíadas de Sydney.
No último dia 18, quatro ex-clientes procuraram a polícia de
Jundiaí (60 km de SP), sede da
empresa, para prestar queixa.
Elas haviam fechado contrato
para trabalhar como "au pair"
(espécie de babá) no exterior, mas
não chegaram a viajar. A empresa
se encarregaria de disponibilizar
seus dados às famílias estrangeiras, que entrariam em contato diretamente com as brasileiras.
Após pagar taxas de R$ 1.000 a
R$ 1.500 à MBrazil, elas afirmam
só ter recebido propostas que não
se adequavam ao seu perfil e suspeitam de que sejam falsas.
"Além disso, cheguei a ser contatada por um suposto banqueiro
inglês que queria me contratar como acompanhante", diz Marta
Rosângela Cozer, 29, encarregada
de departamento de pessoal.
Denúncias
Segundo o delegado titular do 1º
Distrito de Jundiaí, Paulo Sergio
Martins, a acusação formal contra
a MBrazil é a de estelionato, por
não cumprir promessas. Mas, a
partir das informações de Marta,
a polícia também investiga a hipótese de envolvimento com o
tráfico internacional de mulheres.
As quatro ex-clientes entregaram à polícia uma lista com mais
de 50 nomes de pessoas que, segundo elas, também estariam
descontentes com a agência.
"Pedimos o dinheiro de volta,
mas só recebemos o valor no dia
em que fizemos o B.O. (boletim
de ocorrência)", conta Marta.
Segundo o delegado, outras
clientes da MBrazil já ligaram para a polícia, mas ainda não formalizaram a queixa. "Vamos investigar se houve a intenção de praticar os crimes ou se foi um mal-entendido comercial", diz Martins.
Na apuração das acusações de
estelionato, a polícia descobriu
que a empresa orientava as candidatas a viajar ao exterior para trabalhar usando visto de turista.
A partir de outra denúncia, o
delegado Mario Grachet, da Polícia Federal de Campinas (SP),
também instaurou inquérito.
"Vamos checar a acusação de
uma pessoa que foi deportada da
Inglaterra por ter visto irregular."
Curso inexistente
A polícia apurou ainda que não
existe, em Londres, o curso de
idiomas indicado às candidatas.
Segundo a revista "IstoÉ", há
casos de brasileiras no exterior
que teriam viajado para trabalhar
e estudar, mas estariam sendo
submetidas a trabalhos domésticos sem folga e até a cárcere privado por famílias estrangeiras.
Fundada há dois anos, a MBrazil tem franquias em São Paulo,
Curitiba, Londrina (PR), João
Pessoa e Rio de Janeiro. Cerca de
200 pessoas já teriam participado
de seus programas no exterior.
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