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estágios&trainees
Estudantes abrem mão de bolsa por experiência
MARIA DENISE GALVANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O sonho de ingressar no mercado de trabalho, em geral, inclui a vontade de ter um contracheque no fim do mês e de dar o
passo inicial em direção à independência financeira.
No entanto, nem sempre essa é a realidade de universitários: na contramão das tendências de mercado que ampliam e
engordam as bolsas de estágio,
algumas instituições oferecem
trabalho não remunerado para
estudantes que querem debutar em sua área de graduação.
Um dos motivos é que há
poucas vagas e muitos aprendizes -estima-se que de 10% a
15% da população universitária
faça estágio. Nessa corrida,
quem fica de fora aceita trabalhar pela experiência sem receber contrapartida financeira.
Foi o que aconteceu com
Amanda Melo Barbosa, 21, que
estagia há quatro meses na Secretaria Municipal de Cultura
de São Paulo. No terceiro ano
do curso de turismo da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica), sem encontrar vaga em
empresas do ramo, decidiu "garantir as horas de estágio
exigidas na grade curricular".
Há até "especialistas" em trabalhar sem receber bolsa:
a estudante do último ano de
fonoaudiologia Danielle Maciel
Pereira, 22, por exemplo, conta
pelo menos dez estágios não remunerados ao longo do curso.
"Foi importante para eu ter
uma vivência de hospital", diz.
Segundo a professora Altair
Cadrobbi Pupo, supervisora de
estágio da PUC, os estudantes
da área da saúde, às vezes, não
têm opção a não ser participar
de estágio sem remuneração.
"Para economia ou administração, em compensação, isso quase não existe. Há bolsas muito
boas -de R$ 1.800- em bancos
ou em grandes empresas." "Entre esses extremos, estão os
cursos de comunicação e os ligados à educação", completa.
Jornada dupla
A situação é mais complicada
para quem não pode ficar sem
renda. Esse era o caso da advogada Rosângela Rodon, 47, que
optou por continuar trabalhando em casa como depiladora
enquanto fazia estágio não remunerado no Juizado Especial
Cível. A dupla jornada durou
até terminar a graduação.
"Estagiava uma vez por semana para ajudar na conciliação e para fazer serviço de fórum. Assim, cumpri as horas
obrigatórias de estágio e, quando me formei, virei conciliadora naquele local", conta.
Para a coordenadora do centro de comunicação do Mackenzie, Rosana Schwartz, cumprir a carga horária obrigatória
é a maior motivação de quem
topa fazer esse tipo de estágio.
"Mas também acontece de, lá
pelo quarto ano, o aluno perceber que vai se formar sem nunca ter trabalhado na área", diz.
O que não quer dizer que essa
experiência seja ruim: "Há estágios remunerados em que se
trabalha como secretário e há
vagas sem bolsa-auxílio que são
muito boas -vale a pena escolher o último caso", pondera.
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