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CÁLCULO DE ÁREA
Funcionários assumem cargos diferentes da formação que obtiveram na graduação
"Invasor" ocupa posto fora do setor
IGOR GIANNASI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Durante muito tempo, os
médicos achavam que Isaac Gil,
57, diretor clínico do Hospital
Santa Paula, em São Paulo, fosse administrador de empresas.
Cardiologista formado em
1976, ele, na verdade, atuou
pouco tempo na medicina.
Gil chegou a abrir um consultório, mas logo decidiu dedicar
tempo integral à gestão administrativa na área de saúde.
"Se eu continuasse na esfera
médica, talvez fosse só mais
um", considera. "Agora, con-
sigo ver os dois lados."
Esse caso do médico administrador é um exemplo de como profissionais "invadem"
áreas que não são exatamente
aquelas ligadas ao seu passado
acadêmico.
"A formação, assim como a
escola em que ela foi obtida, é
um detalhe importante mais no
início da trajetória profissional", aponta Gilberto Guimarães, presidente do Grupo BPI.
Técnicos X líderes
Segundo ele, na hora de escolher um candidato a um posto
de gestão, as realizações que o
profissional obteve na carreira
são mais relevantes. "Elas comprovam que ele está preparado
para o próximo desafio."
Uma prova de que a experiência pode falar mais alto do
que a formação é a existência
de bons técnicos com competências de liderança que deixam a desejar, na avaliação de
Brunna de Campos Veiga, gerente de desenvolvimento organizacional da Caliper Estratégias Humanas.
"Em dois anos, é possível
fazer um curso de especialização. Mas, nesse período, não
se aprende a ser um bom líder",
compara Veiga.
Identidade
Formado em ciência da computação, José Roberto Coutinho, 39, sempre planejou que
iria trabalhar com negócios, e
não na área técnica.
Os desafios profissionais encontrados na IBM, onde começou a atuar após a faculdade, levaram-no para a área de
recursos humanos. "Conforme
a carreira do profissional se desenvolve, ele se identifica com
outras áreas", diz.
Atualmente, Coutinho é diretor desse setor na fabricante
de computadores Lenovo.
Outro profissional com formação em exatas que redirecionou a carreira foi o engenheiro
industrial Rafael Garrido, 35.
Há dois meses, ele é responsável pela unidade de seguros e
previdência da everis, empresa
de consultoria tecnológica.
A mudança de área ocorreu
naturalmente, conta o engenheiro. "Estava procurando
um trabalho no qual conseguisse desenvolver um conhecimento mais amplo."
Para Elaine Saad, gerente da
consultoria Right Management, a disputa de profissionais de formações diferentes
por vagas no mercado de trabalho tem origem na falta de uma
orientação adequada para a
escolha da profissão.
"A pessoa define a carreira
depois da formação universitária", assinala.
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