São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

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ENTRE DOIS MUNDOS

Aumento de fusões gera incerteza em profissionais

Número de aquisições de empresas cresce 9,5% no primeiro trimestre

Fotos Renato Stockler/Folha Imagem
O relações-públicas Maurício Camacho, que trabalhava em indústria de bebidas e não podia contratar ou demitir antes da fusão


MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O número de fusões de empresas no mercado aumenta dia a dia. Entre janeiro e março deste ano, 115 companhias passaram por esse processo em todo o país -um aumento de 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 105 fusões.
Os reflexos no mercado são diferentes e mesclam otimismo e ceticismo. Entre os funcionários das companhias que passam por esse processo, no entanto, predomina uma sensação: a de incerteza.
No que depender das projeções, o número de profissionais nessa situação deve crescer.
"Esperamos aumento de cerca de 20% a 25% de fusões em 2007. Foram 501 em 2006. Neste ano, serão cerca de 600", destaca o consultor da área de fusões e aquisições da Ernst & Young Fábio Marinho.
A união de companhias aumenta a fatia de mercado da nova corporação. Mas gera também duplicidades -dois departamentos de marketing, de compras e de tecnologia.
A solução corporativa passa, muitas vezes, pela redução do quadro de colaboradores, em especial dos alocados nas gerências de recursos humanos, administrativa e financeira.
"Não se sabe quais serão os critérios para o corte de funcionários que ocupam as mesmas funções. Mas quem fica é quem tem mais poder, quem veio da empresa compradora", considera Mariá Giuliese, diretora-executiva da empresa de "outplacement" Lens e Minarelli.
Depois de 14 anos como gerente de desenvolvimento de produtos e assistência técnica de uma indústria petroquímica, o engenheiro de materiais Vicente Silva, 55, foi demitido dois anos antes de sua aposentadoria. A empresa havia sido vendida para outra do setor.
"Buscavam profissionais que pudessem se adaptar a uma empresa grande", recorda.
Substituído por profissionais mais jovens e com salários menores, ele afirma que, na época, já imaginava que seria demitido. "Por mais que você tenha experiência, a idade é crítica."
Hoje, afirma que sua vida mudou completamente. Ele presta assessoria empresarial para clientes da indústria em que atuava. Continua, contudo, a receber os mesmos benefícios do período em que era funcionário, com exceção do salário.

Horizonte
Para especialistas, não há como evitar fazer parte de um processo de aquisição de companhia, mas existem formas de tentar sair ileso disso.
"Cada profissional deve estar o mais bem preparado possível em termos de qualificação e atualização, ampliando seus conhecimentos específicos e gerais, para se tornar mais competitivo", opina Paulo Valente, autor do livro "A Arte de Comprar e Vender Empresas".


Colaborou RAQUEL BOCATO, da Reportagem Local



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