São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

Próximo Texto | Índice

TRABALHO DEMAIS

Workaholics têm dificuldade para conciliar carreira e vida pessoal; gastar menos tempo no escritório é possível

Executivos buscam mais tempo para viver

Fernando Moraes/Folha Imagem
O executivo Servio Notermans, que diz sofrer com a falta de tempo para ver as suas três filhas


RENATO ESSENFELDER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Trabalhar mais de dez horas por dia, jantar no escritório e perder compromissos familiares relevantes, como almoços, aniversários, batismos, festas, viagens. Se você se vê frequentemente nessas situações, talvez seja a hora de parar e avaliar se a sua vida profissional está bem equilibrada em relação ao plano pessoal.
Pesquisa realizada neste ano pelo Instituto Brasileiro de Qualidade de Vida (IBQV) mostra que 85% dos executivos estão insatisfeitos com a vida que levam. O principal motivo apontado foi a desproporcionalidade entre a dedicação ao trabalho, à família e à própria saúde.
O estudo foi realizado com 325 profissionais. Deles, 85% revelaram que não conhecem os gostos de seus cônjuges. Também 85% informaram não saber quais eram as prioridades na vida de seus filhos. "Essas pessoas sabem que não estão bem, mas acham que o problema logo vai passar, que podem dar conta de tudo. Precisa acontecer algo grave -uma separação, um infarto- para elas acordarem", diz a presidente do IBQV, Cecília Shibuya.

Produtividade
Verifique quanto tempo produtivo você passa no escritório. "O workaholic [indivíduo que trabalha compulsivamente" já saiu de moda. Anteriormente, o executivo era avaliado por horas de trabalho; hoje, é por resultados obtidos", diz Paulo Kretly, consultor da FranklinCovey Brasil.
Dependendo da cultura da empresa, é desejável conversar abertamente com seu chefe para definir as prioridades do trabalho.
Aprenda a atuar em equipe, mesmo com profissionais com os quais você não se identifica pessoalmente. Delegar tarefas também é um recurso indispensável (veja quadro abaixo).

Carreira
Mas, se a melhoria da qualidade do relacionamento com a família atrapalha o trabalho, as consequências para a carreira podem ser igualmente ruins.
"Não conheço executivos que trabalhem com hora para entrar e para sair do escritório. Em momentos recessivos, as companhias ficam menos suscetíveis a questões pessoais", afirma Denys Monteiro, vice-presidente da Fesa, empresa de recrutamento de executivos.
É o caso de Gilson Bosso, sócio-diretor da Consulters Services and Softwares. Trabalhando em média 11 horas por dia, ele sonha em melhorar a qualidade de vida, mas afirma que isso só seria possível se abrisse mão de alguns clientes.



Próximo Texto: Carreira não deve ficar em segundo plano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.