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sua carreira
Aventuras alimentam os bastidores do Rali Dacar
Profissionais de diversos países fazem o suporte da competição
ANDRÉ LOBATO
ENVIADO ESPECIAL A VALPARAÍSO
(CHILE)
Imagine uma cena em que a
tartaruga tenha de chegar antes
do coelho para preparar a janta.
É com desafio comparável que
se deparam profissionais dos
bastidores do Rali Dacar, cuja
última edição aconteceu entre
3 e 17 de janeiro, pela primeira
vez na Argentina e no Chile.
Eles enfrentam os mesmos
desfiladeiros desérticos e picos
nevados que os competidores
automobilísticos, mas em caminhões que funcionam como
cozinhas ou mecânicas e que
pesam ao menos 12 toneladas.
Para completar as fases dessa
tarefa, planejamento, disciplina e resiliência são essenciais.
Responsável por sítios remotos, como plataformas de petróleo, Sergio Vergara opera a
logística dos três caminhões da
Sodexo, multinacional francesa
que forneceu alimentação a todos os participantes da corrida.
"Enquanto um caminhão está posicionado, os outros dois
seguem viajando e se alternam
até o fim da corrida. Isso faz
com que sejamos os primeiros
e os últimos a sair dos lugares."
Dividida em turnos, a rotina
de trabalho é como a de uma
fábrica itinerante. Cada dia em
um lugar, longe de casa e, muitas vezes, sem sinal de celular.
De maneira geral, os entrevistados dizem que não falta
disposição para situações como
a de empurrar caminhões atolados, mas enfatizam que isso
não acontece na prática: a divisão do trabalho é bem definida.
"Uma vez nosso caminhão
atolou na areia. Até que o socorro chegasse, só esperamos",
conta Silvio Acevedo, 31, cozinheiro da Sodexo. Sobre a diferença entre ser gourmet no caminhão ou na cozinha, ele assinala: "É só questão de espaço".
Vida itinerante
Ao contrário do que se pode
imaginar, contudo, nem todos
os profissionais têm aventuras
para contar. "Vendo equipamentos, nunca empurrei uma
moto", diz Daniela Leidl, 29, da
revendedora de peças KTM.
Acevedo é argentino e está
dentro da cozinha; Leidl é alemã e fica sob o forte sol do
acampamento em Valparaíso.
Nesse tipo de carreira nômade,
conviver com pessoas de diferentes partes do mapa é regra.
Como as equipes acabam fechadas em si e raramente se
misturam, a solidariedade é reforçada. "Somos mais unidos
no rali do que no escritório. É
preciso ser", ressalta Leidl.
O mecânico holandês Dugué
Antoine, da Mitsubishi, participa de oito corridas por ano.
"Venho pelo desafio. A saudade
de casa é o que menos importa", dispara, sem nostalgia.
"Gosto da aventura, mas o
que faz acontecer é o trabalho
de escritório", define o diretor
esportivo da equipe de corrida
SunHunters, Andrei Rudnitski.
O jornalista viajou a convite da Sodexo
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