São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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sua carreira

Aventuras alimentam os bastidores do Rali Dacar

Profissionais de diversos países fazem o suporte da competição

ANDRÉ LOBATO
ENVIADO ESPECIAL A VALPARAÍSO (CHILE)

Imagine uma cena em que a tartaruga tenha de chegar antes do coelho para preparar a janta. É com desafio comparável que se deparam profissionais dos bastidores do Rali Dacar, cuja última edição aconteceu entre 3 e 17 de janeiro, pela primeira vez na Argentina e no Chile.
Eles enfrentam os mesmos desfiladeiros desérticos e picos nevados que os competidores automobilísticos, mas em caminhões que funcionam como cozinhas ou mecânicas e que pesam ao menos 12 toneladas.
Para completar as fases dessa tarefa, planejamento, disciplina e resiliência são essenciais.
Responsável por sítios remotos, como plataformas de petróleo, Sergio Vergara opera a logística dos três caminhões da Sodexo, multinacional francesa que forneceu alimentação a todos os participantes da corrida.
"Enquanto um caminhão está posicionado, os outros dois seguem viajando e se alternam até o fim da corrida. Isso faz com que sejamos os primeiros e os últimos a sair dos lugares."
Dividida em turnos, a rotina de trabalho é como a de uma fábrica itinerante. Cada dia em um lugar, longe de casa e, muitas vezes, sem sinal de celular.
De maneira geral, os entrevistados dizem que não falta disposição para situações como a de empurrar caminhões atolados, mas enfatizam que isso não acontece na prática: a divisão do trabalho é bem definida.
"Uma vez nosso caminhão atolou na areia. Até que o socorro chegasse, só esperamos", conta Silvio Acevedo, 31, cozinheiro da Sodexo. Sobre a diferença entre ser gourmet no caminhão ou na cozinha, ele assinala: "É só questão de espaço".

Vida itinerante
Ao contrário do que se pode imaginar, contudo, nem todos os profissionais têm aventuras para contar. "Vendo equipamentos, nunca empurrei uma moto", diz Daniela Leidl, 29, da revendedora de peças KTM.
Acevedo é argentino e está dentro da cozinha; Leidl é alemã e fica sob o forte sol do acampamento em Valparaíso. Nesse tipo de carreira nômade, conviver com pessoas de diferentes partes do mapa é regra.
Como as equipes acabam fechadas em si e raramente se misturam, a solidariedade é reforçada. "Somos mais unidos no rali do que no escritório. É preciso ser", ressalta Leidl.
O mecânico holandês Dugué Antoine, da Mitsubishi, participa de oito corridas por ano. "Venho pelo desafio. A saudade de casa é o que menos importa", dispara, sem nostalgia.
"Gosto da aventura, mas o que faz acontecer é o trabalho de escritório", define o diretor esportivo da equipe de corrida SunHunters, Andrei Rudnitski.


O jornalista viajou a convite da Sodexo


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