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APOSENTADORIA NA MÃO
Aposentadoria não freia carreira no setor privado
1 em cada 3 profissionais continua no mercado mesmo recebendo do INSS
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos na prática, o verbo aposentar está cada vez mais
fora de moda. Se antes a aposentadoria era considerada o
término da fase produtiva do
trabalhador, hoje representa o
encerramento de uma primeira
etapa, não o fim do trabalho.
Prova disso é que um em cada três aposentados do país
continua trabalhando ou está
em busca de uma posição. Eles
somam 6,6 milhões de profissionais que não rompem o vínculo com a empresa em que trabalham ou que procuram outra
vaga, segundo levantamento do
pesquisador Márcio Pochmann, da Unicamp, com base
em dados oficiais.
Salário baixo
A atitude, segundo o Ministério da Previdência Social, é
legal: na esfera privada o trabalhador pode aposentar-se e
permanecer no mesmo posto,
recebendo o antigo salário. A situação é comum para os que recebem tanto o valor mínimo de
aposentadoria (R$ 380) quanto
o máximo (R$ 2.894,28). Isso
porque ou o valor pago pela
Previdência é insuficiente para
manter a família ou porque a
queda de renda é muito brusca.
João Pereira dos Santos é um
deles. Aos 68, ele, que trabalha
com moto-entregas na Logistech, deve entrar com o pedido
de aposentadoria ainda em
2007, mas diz não ver perspectiva de encerrar definitivamente o expediente. "Só paro quando morrer", avisa ele, explicando que é o valor da aposentadoria que não o permite parar.
Para o bancário Yoshiaki
Onoe, 55, a situação é semelhante. Com o padrão de vida
que tem hoje, seria inviável
manter a família apenas com o
valor da aposentadoria, conta.
"Não posso abrir mão do salário que recebo", explica Onoe,
que se aposentou em 2005 e
continua com a carreira bem-sucedida no Banco do Brasil.
"O brasileiro não foi preparado viver com salário de aposentadoria. É um problema gravíssimo", diz João Inocenttini,
presidente do Sindnap (sindicato dos aposentados). Segundo ele, dos 25 milhões de aposentados e pensionistas do país,
17 milhões ganham o mínimo.
Planejamento de futuro
Visando minimizar o impacto da mudança brusca no cotidiano de quem se aposenta,
grandes empresas já assumem
o compromisso pela transição.
A Arcelor-Mittal Tubarão,
por exemplo, já atendeu 2.000
trabalhadores em um programa de planejamento pós-trabalho. "Aposentadoria é uma etapa não tão tranquila para os que
não têm planejamento. A maioria esquece que esse dia vai
chegar", diz a assistente social
da empresa, Janaína Almeida.
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