S?o Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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Atuação em família exige análise crítica

Consultores de empresas familiares falam sobre o que o profissional deve avaliar ao trabalhar com parentes

EILENE ZIMMERMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Pequenas empresas são responsáveis pela maior parte dos postos de trabalho criados no mundo e, dessa forma, são alternativa para o desenvolvimento de carreira.
Por vezes, escolher esse caminho passa por atuar em empresas da própria família.
De um lado, é uma boa oportunidade de entrar em contato com áreas diversas e estar próximo de gestores conhecidos e de confiança.
De outro, existe o risco de arruinar os laços familiares, atrasar a carreira e até mesmo afundar o negócio.
Consultores de empresas familiares explicam o que é preciso considerar antes de assumir um posto na empresa de um parente e durante o período de trabalho.

Qual é a diferença entre trabalhar para um familiar e para pessoas distantes? Tenha em mente que as relações familiares são tipicamente focadas em relacionamento e lealdade.
Já nos negócios, o foco está em objetivos, competências e crescimento, afirma Greg McCann, professor da Universidade Stetson, localizada na Flórida, nos EUA.
Quando os dois se combinam, os resultados podem ser diversificados.
"Trabalhar com a família pode ser fonte de força porque você tem a confiança, compartilha os mesmos valores e tem um compromisso com o outro", diz McCann.
No entanto, parentes podem querer se aproveitar desse relacionamento e chegar tarde, sair cedo ou tentar ganhar um salário maior.
"Um dos maiores riscos é que, se algo der errado, o prejuízo poderá ultrapassar os muros da empresa e atingir sua vida pessoal", analisa.

De que preciso me certificar antes de trabalhar com um parente?
Assegure-se de que há um caminho para o crescimento, comenta o consultor e palestrante David Specht.
Trabalhar com parentes frequentemente significa gerenciar a própria carreira, uma vez que, em empresas pequenas, pode não haver processos para promoção ou desenvolvimento.
Discuta que tipos de dificuldade você terá de superar para ser líder e se a empresa tem planos de contingência caso algo dê errado.

Os funcionários da empresa podem ficar ressentidos de o familiar do proprietário constituir a equipe?
Pode haver conflitos com colaboradores não familiares se eles sentirem que seu trabalho está ameaçado.
É importante ver o trabalho como uma oportunidade e não apenas um lugar para ficar até surgir uma chance melhor no mercado.
Posicione-se em um padrão alto (de desempenho), aconselha Graham Chapman, que assumiu uma vaga na empresa de marketing de seu pai depois de se formar, no ano passado.
Na época com poucas perspectivas, ele começou em uma posição baixa, mas logo galgou novos postos.
"Fiquei preocupado com ressentimentos e com a ideia de eu estar ali de favor", assinala Chapman.
Ele ressalta, no entanto, que sabia que, para evitar essa situação, teria de trabalhar mais arduamente do que os outros e obter resultados em um prazo menor.

Apesar de estar trabalhando com um familiar, devo ter um contrato ou qualquer outro acordo escrito?
Se o dono do negócio é alguém relativamente próximo, um acordo formal soa um exagero.
É importante, entretanto, ter uma descrição por escrito do trabalho do profissional, de seu papel e de suas responsabilidades na estrutura organizacional, comenta Mark Green, sócio da Family Business Consulting Group.
"É preciso ser o mais direto possível em relação a expectativas de compensações, a possibilidades de crescimento e mesmo ao que vai acontecer se as coisas não derem certo", recomenda.
Isso porque, ainda que o profissional saia da empresa, "terá de ver essas pessoas nas reuniões de família".

Mesmo que essa não seja minha primeira opção em termos de movimento de carreira, quais são os benefícios de trabalhar com a família?
Provavelmente você vai se expor a mais áreas da empresa do que em outro lugar.
Uma vez que boa parte das empresas familiares é pequena, o profissional se torna multitarefa.
Há ainda o sentimento de lealdade e de missão quando se trabalha com familiares.
"Você quer ganhar pela família. Há um sentimento de "se eu for bem, você vai bem", que dá ao trabalho um propósito e um significado", comenta Larry Colin, coautor do livro "Family Inc.".
Colin afirma que membros da família geralmente têm mais tolerância a erros e a más decisões e geralmente estão mais propensos a permitir um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
"Trabalhar com a família não é fácil. Mas, quando dá certo -e muitas vezes dá-, não há nada melhor."


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