São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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ARTIGO

Internet: facilitador ou obstáculo?

Uso da rede para a procura de emprego deve ser feito com cautela, diz psicóloga

FÁTIMA ROSSETTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na era da informação rápida e das oportunidades de trabalho saltitando na internet, não é nada incomum ouvir alguém dizer que cadastrou o currículo em vários sites de emprego.
Há uma série de vantagens, como a rapidez, o volume de vagas disponíveis e a simplicidade da ferramenta em si. Mas é preciso diferenciar-se. Para isso, ao enviar um currículo por e-mail, é importante incluir uma carta de apresentação, identificando-se e dizendo como chegou àquela vaga.
Sempre que possível, tais informações devem ser enviadas no corpo da mensagem, o que, além de facilitar a visualização, reduz o risco dos vírus virtuais.
Outro ponto é que, ao contrário do imaginado por muitos, uma parte desses currículos, geralmente os que não se enquadram no perfil sugerido, pode ser descartada pelas empresas sem que passe a constar de um banco de dados interno.
Ou seja, acaba virando "spam". Quando uma oportunidade de emprego é publicada em um site, em razão da abrangência desse meio de comunicação, a competição se amplia muito.
Além da elevadíssima quantidade de possíveis candidatos, outros tantos cadastram seus currículos sem nenhuma conexão com o perfil publicado, esperando ser "pescados" ou aproveitados. Pura ilusão.

Armadilhas
É fundamental que todos que utilizam esse meio como uma das formas de recolocar-se no mercado estejam atentos a algumas possíveis armadilhas.
Primeiro, o profissional deve se questionar se realmente há fundamento em informar dados que vão além da sua experiência ou da sua relação com o mercado da vaga ofertada.
Motivo: ele pode estar no alvo do "vendedor de emprego". Isso porque há empresas fictícias utilizando os artifícios da internet para apoderar-se de dados pessoais, tirando proveito da ansiedade das pessoas em busca de um importante objetivo -o de se empregar.
Tais empresas abordam o público com promessas de empregabilidade, mediante uma "avaliação", que, na maioria das vezes, tem um custo elevado e tende a abalar seu planejamento financeiro nesse momento crucial de transição de carreira.
Diante dessas promessas, é bom não se deixar enganar.
Verificar a procedência das informações, consultar pessoas conhecidas, perguntar sobre a empresa que está selecionando e sobre a que está oferecendo a vaga, questionar sobre o seu segmento e porte e só publicar informações que realmente sejam relevantes à oportunidade em si são as principais dicas.

Hackers
É importante considerar que, além das empresas "vendedoras de emprego", há ainda quem se utilize das informações registradas cuidadosamente no momento de busca de uma posição profissional para conhecer a rotina, o histórico e, de alguma forma, ameaçar a integridade da pessoa.
O candidato a um posto de trabalho tem de lembrar quais são os dados importantes para uma seleção desse tipo, demonstrar seus conhecimentos e deixar claro suas experiências na área desejada, mas não enviar fotos nem fornecer a numeração de seus documentos.
Tantos cuidados ajudam a evitar cair em tais armadilhas ou correr o risco de ter seus dados divulgados sem permissão, como ocorreu recentemente nos Estados Unidos, onde hackers invadiram um famoso site de cadastramento de currículos norte-americano e roubaram as informações pessoais de mais de 1,3 milhão de usuários.
A empresa prometeu reforçar a segurança, mas sua imagem certamente ficará manchada, além dos possíveis inconvenientes que seus clientes terão de enfrentar agora. Para proteger-se, o mais indicado ainda é cadastrar currículo nos sites de empregos mais conhecidos, buscar as tradicionais empresas de recolocação e utilizar-se do auto-serviço "cadastre-se" nos sites institucionais das grandes empresas.
A maioria das companhias faz uso desse banco de dados e, ainda que em grande parte dos sites não haja vagas disponíveis no momento ou visíveis a quem os visita, esse tipo de formulário é uma rica fonte de informações para a área de recursos humanos das empresas, que costuma recorrer a ele quando precisa contratar alguém.
Em resumo, deve-se investigar, ser criterioso e questionar a relevância das informações. Cuidar do histórico profissional, selecionando o destinatário do currículo, é um importante passo para gerenciar com eficácia o plano de carreira.
Ao mesmo tempo, cabe ao profissional lembrar-se de que, se, por um lado, a internet exige cuidado, por outro, suas ferramentas podem agilizar a via do "networking" -ou seja, os contatos com gente que o conhece, sabe de suas qualificações profissionais e as endossa ao saber de uma oportunidade pertinente para sua carreira.
O "networking" aumenta em muito as chances de carreira, além de ser uma forma dinâmica, segura e econômica de conquistar uma vaga de trabalho.


FÁTIMA ROSSETTO é psicóloga especializada em aconselhamento de carreira e consultora da DBM Brasil


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