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Deixar uma empresa pode ser o primeiro passo para alavancar a carreira dentro dela. Longe de ser um paradoxo, essa afirmação, proclamada em coro por consultores de recursos humanos, é o retrato de uma situação cada vez mais comum atualmente: a de profissionais que pedem demissão e acabam retornando mais tarde em posição privilegiada.
"Se voltou, é porque deixou saudades. Por isso a circunstância é vista hoje como um fator positivo no currículo", explica Marcia Machado de Campos, diretora-executiva da consultoria Machado de Campos.
O retorno é marcado também por salários mais altos e posições de maior destaque na empresa: "Isso acontece em determinados segmentos, como o de turismo ou as áreas química, farmacêutica e comercial".
Foi o que aconteceu com a diretora de vendas do grupo hoteleiro Hilton, Paula Muniz, 32. Após ter trabalhado por mais de quatro anos na empresa, deixou-a para atuar em outra durante cinco anos, mas acabou retornando com um cargo superior. "Talvez, se não tivesse saído, hoje não tivesse a mesma posição", acredita Muniz.

"Ficar de mal"
Para a consultora Gisela Kelly Ferreira, 33, a dificuldade de encontrar pessoas atualizadas em certas áreas tem gerado a "demanda inversa". "Já não há mais espaço para "ficar de mal" do empregado competente que se demite."
"Todo mundo quer profissionais cobiçados pelo mercado, que saem para crescer na carreira e galgar novos postos", completa Márcio Miranda, 33, diretor-executivo da Tow Send.
O exemplo, entretanto, nem sempre é seguido à risca: "Quando a decisão de retorno parte de um ex-funcionário, sem o convite da empresa, as chances de ter a porta fechada são maiores", alerta Campos.
Ferreira, da Dow Right, acrescenta outro obstáculo: "Quem volta depois de muito tempo tende a querer a empresa de antes e pode frustrar-se ao ver que tudo mudou". (CA)


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