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Estágios e trainees
Mau desempenho marca rara demissão de trainees
Dificuldades de atingir metas e de adaptação causam desligamento
RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para alguns jovens profissionais, superar seleções com centenas ou milhares de candidatos não é o principal obstáculo
em um programa de trainee.
A adaptação à cultura da empresa e o cumprimento de metas pesadas são desafios por vezes insuperáveis e que levam a
um raro desfecho: a demissão.
Segundo empresas e consultores ouvidos pela Folha, o índice de desligamentos de trainees é menor que o do quadro
de funcionários como um todo.
A explicação está nas exigências de recrutamento, em geral
com testes on-line, entrevistas
e dinâmicas de grupo -processo que pode durar seis meses.
"Trabalhamos com margem de
erro zero", pontua o gerente da
Foco Talentos Rudnei Pereira,
responsável pela seleção de
candidatos de 51 programas.
Mesmo assim, há quem não
corresponda às expectativas.
Principalmente, afirmam consultores, quando não consegue
obter os resultados esperados.
Foi o que aconteceu no ano
passado com um dos 17 trainees da Basf, lembra a analista
de treinamento e desenvolvimento Joana Rudiger. Durante
18 meses, diz ela, o trainee recebeu "feedbacks" frequentes.
"Dizia para ele que as coisas
não iam bem, mas que havia
chances de se recuperar."
No caso da Basf, optou-se pela demissão. Contudo, muitas
empresas tentam, antes disso,
realocar o trainee para outras
áreas, numa tentativa de facilitar a adaptação do funcionário,
destaca Sofia Esteves, sócia-presidente do Grupo DMRH.
"Líderes sem equipe"
Por serem potenciais gerentes, as companhias buscam
pessoas com capacidade de comunicação e persuasão e foco
em resultados. Outro requisito
é adaptabilidade em cenários
complexos, segundo o departamento de RH da Nestlé, empresa que teve um caso de demissão de trainee em dez anos.
Também devem ser "líderes
sem equipe", resume o engenheiro Rodrigo Caldas de Oliveira, 25, que, durante um ano,
até janeiro de 2008, foi trainee
de uma grande rede varejista.
Ele e outros 20 profissionais
participavam de reuniões mensais para acompanhamento.
"Eu me sentia perdido. Todos os dias, ficava uma ou duas
horas a mais do que meus colegas para dar conta das tarefas.
A empresa queria alguém que,
além de cumprir metas, sugerisse inovações. E sou desorganizado e pouco proativo", diz.
Oliveira ainda pensa para
responder se se arrepende de
ter deixado outro processo de
seleção no meio para abraçar
o da rede varejista. Mas reconhece o peso da experiência.
"Ganhei autoconhecimento."
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