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SOM DISSONANTE
Diversificação de trabalho é comum
Dar aulas e "fazer cachê" em eventos são métodos para ampliar contatos e reforçar salário
DA REPORTAGEM LOCAL
Diversificar os canais de trabalho é quase regra no ambiente musical. Manter apenas uma
ocupação é inviável não pelo
salário, mas pela necessidade
de fazer contatos e de estancar
a precarização do trabalho.
"A sensação é a de estarmos
sempre recomeçando a carreira", diz o guitarrista Sergio Rossoni, 38, que, com seu grupo,
acaba de lançar o quinto CD.
"Não temos mais o mesmo número de shows. O cenário musical mudou muito", analisa.
Há dez anos, Rossoni voltou-se para a área de produção e
criou com um sócio o estúdio
Zabumba Records, do qual é diretor artístico. Há pouco tempo, porém, ampliou as atividades e hoje produz trilhas, "jingles" e outros trabalhos para
publicidade, cinema e TV.
"O músico brasileiro não
consegue viver só de música",
acrescenta Alcides Lima, da
Traditional Jazz Band, que
acompanha há 42 anos o cenário musical de São Paulo.
Ele iniciou a carreira tocando
bateria em bailes. Depois de
anos como executivo da indústria automobilística, hoje dedica-se à banda e à consultoria de
marketing. Os dois interesses
fizeram nascer o projeto de assessorar empresas em treinamentos empresariais.
O trompetista Renato Martins Longo também vê vantagens nos cachês e diz que não
ganha muito, mas está satisfeito com a soma no fim do mês.
"Músicos também têm contas a pagar", lembra ele, que se
divide entre a faculdade, o curso na Universidade Livre de
Música e o trabalho na Orquestra Experimental, além de
atuar em ações e eventos.
"Eles trabalham em outros
locais para aumentar a rede de
contatos", diz a pesquisadora
Dilma Marão Pichoneri, da
Unicamp. Ter o nome conhecido e ser chamado para os eventos são a base desse mercado.
Didática
Como estratégia de inserção,
os músicos também tornam-se
professores -uma atividade
prestigiosa, já que o universo
musical é repleto de referências aos mestres. Nessa trajetória, a graduação passa a ter um
papel bastante relativizado:
muitos já estão trabalhando em
orquestras quando entram na
faculdade.
"A frustração do músico é ver
seu trabalho não ter continuidade. O investimento nos
alunos é algo muito pessoal",
explica Henrique Autran Dourado, diretor da Escola Municipal de Música (EMM).
A instituição recebe por ano
cerca de 2.500 inscrições de
novos alunos -há cem vagas.
Para Dourado, houve uma
ampliação do mercado de trabalho para músicos. "A competição é natural. O número de
empregos aumentou, as orquestras ampliaram seus quadros e as universidades criaram
áreas de música", opina.
(AR)
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