São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

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SOM DISSONANTE

Diversificação de trabalho é comum

Dar aulas e "fazer cachê" em eventos são métodos para ampliar contatos e reforçar salário

DA REPORTAGEM LOCAL

Diversificar os canais de trabalho é quase regra no ambiente musical. Manter apenas uma ocupação é inviável não pelo salário, mas pela necessidade de fazer contatos e de estancar a precarização do trabalho.
"A sensação é a de estarmos sempre recomeçando a carreira", diz o guitarrista Sergio Rossoni, 38, que, com seu grupo, acaba de lançar o quinto CD. "Não temos mais o mesmo número de shows. O cenário musical mudou muito", analisa.
Há dez anos, Rossoni voltou-se para a área de produção e criou com um sócio o estúdio Zabumba Records, do qual é diretor artístico. Há pouco tempo, porém, ampliou as atividades e hoje produz trilhas, "jingles" e outros trabalhos para publicidade, cinema e TV.
"O músico brasileiro não consegue viver só de música", acrescenta Alcides Lima, da Traditional Jazz Band, que acompanha há 42 anos o cenário musical de São Paulo.
Ele iniciou a carreira tocando bateria em bailes. Depois de anos como executivo da indústria automobilística, hoje dedica-se à banda e à consultoria de marketing. Os dois interesses fizeram nascer o projeto de assessorar empresas em treinamentos empresariais.
O trompetista Renato Martins Longo também vê vantagens nos cachês e diz que não ganha muito, mas está satisfeito com a soma no fim do mês.
"Músicos também têm contas a pagar", lembra ele, que se divide entre a faculdade, o curso na Universidade Livre de Música e o trabalho na Orquestra Experimental, além de atuar em ações e eventos.
"Eles trabalham em outros locais para aumentar a rede de contatos", diz a pesquisadora Dilma Marão Pichoneri, da Unicamp. Ter o nome conhecido e ser chamado para os eventos são a base desse mercado.

Didática
Como estratégia de inserção, os músicos também tornam-se professores -uma atividade prestigiosa, já que o universo musical é repleto de referências aos mestres. Nessa trajetória, a graduação passa a ter um papel bastante relativizado: muitos já estão trabalhando em orquestras quando entram na faculdade.
"A frustração do músico é ver seu trabalho não ter continuidade. O investimento nos alunos é algo muito pessoal", explica Henrique Autran Dourado, diretor da Escola Municipal de Música (EMM).
A instituição recebe por ano cerca de 2.500 inscrições de novos alunos -há cem vagas.
Para Dourado, houve uma ampliação do mercado de trabalho para músicos. "A competição é natural. O número de empregos aumentou, as orquestras ampliaram seus quadros e as universidades criaram áreas de música", opina. (AR)


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