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TELETRABALHO
Setor vive expectativas opostas para SP e o país
Estado paulista terá 15 mil cortes em telemarketing, diz associação
ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O telesserviço -um dos setores que mais empregam no
Brasil, com cerca de 1,2 milhão
de profissionais- exibe hoje
possibilidades divergentes em
termos de mercado de trabalho. De um lado, tem a expectativa de abrir 80 mil postos no
país; de outro, pode demitir 15
mil no Estado de São Paulo.
Apresentado pela Abrarec
(Associação Brasileira das
Relações Empresa Cliente),
esse cenário tem a parte nebulosa embasada na lei que cria
cadastro para quem não quer
receber chamadas de telemarketing e na mudança de empresas para outros Estados do país.
"De 10 mil a 15 mil demissões
já serão feitas em maio", conjetura Roberto Meir, presidente
da entidade, a partir de uma
sondagem feita com as principais empresas de São Paulo.
Segundo ele, as firmas paulistas, para não entrar na lista das
indesejadas, modificarão estratégias de vendas, diminuindo
propagandas por telefone.
A Associação Brasileira de
Telesserviços, que congrega
empresas do setor, afirma não
ter levantamento, mas confirma "o temor" de corte de vagas
em São Paulo.
Em nota, a Secretaria Estadual de Comunicação do Governo de São Paulo declara que
"é prematuro dizer que o bloqueio de ligações de telemarketing, exclusivamente, trará desemprego ao setor". O texto
informa que, até quarta-feira
(8/4), 0,56% do total de linhas
paulistas foi cadastrado.
De acordo com a secretaria,
desde novembro, foram oferecidas 22.847 vagas de teleoperador na Grande São Paulo.
Novas vagas
A despeito do cenário paulista, a previsão para este ano é de
crescimento do setor no país.
Dados da Abrarec a serem divulgados em maio indicam que
o setor de telesserviços -que
inclui telemarketing, atendimento pela internet, ouvidoria
e SAC (serviço de atendimento
ao consumidor)- deverá abrir
80 mil vagas em 2009 se o PIB
(Produto Interno Bruto) crescer de 1,5% a 2% até dezembro.
"Podemos chegar a 100 mil
novos cargos", presume Meir.
Se levada em conta a rotatividade do setor, ressalta, 350 mil
vagas serão abertas neste ano.
João de Moura Neto, presidente da Fittel (Federação Interestadual dos Trabalhadores
em Telecomunicações), contudo, diz temer que a crise retarde o desenvolvimento do setor.
Para ele, além de favorecer o
corte de vagas, a lei paulista aumentará o estresse do trabalhador. "Ao impedir que os clientes sejam importunados pelo
call center, gera-se um estresse
no trabalhador, na medida em
que ele se aproxima da possibilidade de perder o emprego."
Se isso ocorrer, ressaltará o
pior da profissão. É o que avalia
o ex-teleoperador Manuel Novais, 26. Ele reitera que não
pretende voltar para o setor, do
qual saiu há dois anos -após
três de serviço. "Prefiro vender
sanduíche na praia", afirma.
70%
dos trabalhadores de
teleatendimento estão nos
Estados do Rio de Janeiro
e de São Paulo, de acordo
com a ABT (Associação
Brasileira de Telesserviços)
850 mil
pessoas são empregadas
diretamente pelo setor, segundo
a ABT; de acordo com a Abrarec,
esse contingente é de "cerca de
1,2 milhão"
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