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Entrevista do mês
Prefeitura recolocará 50 mil profissionais, diz secretário
Para Gilmar Viana, qualificação para desempregados aumentará 25%
RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas planilhas da Secretaria
Municipal do Trabalho de São
Paulo estão 40.404 profissionais recolocados no mercado
de trabalho entre junho de
2005 e novembro de 2006 -
13% de um universo de 305.645
trabalhadores cadastrados nos
CATs (Centros de Apoio ao
Trabalho). Para este ano, a previsão é chegar a 50 mil.
É o que estima o secretário
municipal do Trabalho, Gilmar
Viana. Em entrevista à Folha,
ele fala sobre a contratação de
4.000 profissionais -de 10.000
qualificados- e revela que, em
2007, uma das apostas é uma
parceria com a secretaria estadual para estimular a contratação de jovens aprendizes.
FOLHA - Como o sr. avalia o índice
de 13% de empregabilidade obtido
pela secretaria no ano passado?
GILMAR VIANA - Nós, evidentemente, não estamos satisfeitos
com essa "performance". Temos que enxergar o número
com um grau de avaliação um
pouco mais refinado. Se são
captadas 166 mil vagas e empregadas 46 mil em um universo de mais de 310 mil pessoas
que passaram pelo Centro [de
Apoio ao Trabalho], a pergunta
é por que não foi preenchido o
total de vagas. O motivo é a [falta de] qualificação.
FOLHA - Quantas pessoas foram
qualificadas no ano passado?
VIANA - Mais de 10 mil.
FOLHA - Qual a meta para 2007?
VIANA - É aumentar [esse número] em torno de 25%. Estamos falando em qualificar 12,5
mil a 13 mil pessoas. Isso é importante destacar. É preciso ter
clareza sobre quais são os segmentos em ascensão na cidade
de São Paulo para que a qualificação tenha mais eficácia na
questão da empregabilidade.
Os setores que mais empregam
são gastronomia, tecnologia da
informação, hotelaria, moda e
indústria de cosméticos.
FOLHA - Dessas 13 mil pessoas
qualificadas em 2007, quantas devem ser recolocadas?
VIANA - O gestor público dessa
área sempre tem aquele dilema: dá escala ou dá qualidade.
Nós estamos falando de uma
demanda gigantesca por qualificação, mas optamos pela qualidade. Nosso programa de qualificação tem mais de 500 horas. O aluno fica mais de seis
meses estudando e recebendo
uma bolsa. Nós lidamos com
um público de 18 a 20 anos, que
é uma faixa crítica do ponto de
vista de empregabilidade, e que
mora em zonas altamente vulneráveis: na periferia da cidade
de São Paulo.
FOLHA - Das 10 mil pessoas qualificadas, quantas foram recolocadas?
VIANA - Acreditamos que 40%
estejam trabalhando.
FOLHA - São 4.000 pessoas recolocadas. Não é um índice baixo?
VIANA - Nós não consideramos
baixo, não. Trabalhamos com
arcos ocupacionais.
Por exemplo, quando nós falamos de gastronomia, não temos pretensão de formar um
mestre, um chef. O profissional
aprende a manusear máquinas,
[a fazer] cortes especiais de carne e a preparar um drinque. Ele
aprende esse arco ocupacional
e pode ser absorvido em uma
lanchonete ou em um hotel.
Nós aumentamos as oportunidades desse jovem.
Ele evidentemente está competindo com outras pessoas
que têm treinamento, talvez
superior. Mas não consideramos [o índice] baixo.
É um trabalho de formiguinha. Sobretudo para esse estrato da população que é extremamente vulnerável. É o sujeito
que mora em regiões com [altos] índices de evasão escolar,
violência e gravidez precoce.
FOLHA - O que pode ser feito para
aumentar a recolocação?
VIANA - Se não temos escala
suficiente para atender a essa
demanda, temos que validar alguns modelos. O primeiro é:
dentro dessas mais de 500 horas de treinamento, mais de
200 horas são dedicadas ao reforço da matemática, do português e da informática básica.
Segundo caminho: fazer os
cursos em sintonia com os segmentos de crescimento da cidade. Outro meio que vai ser
uma das prioridades deste ano:
fazer contatos e reuniões periódicas com empresas para fazer
qualificação por demanda. O
setor de saúde tem um alto nível de crescimento. Há demanda por profissionais dessa área.
FOLHA - Há alguma estratégia para
estimular o primeiro emprego?
VIANA - O que vai contemplar
isso é a parceria com o governo
do Estado. O carro-chefe da Secretaria de Estado do Trabalho
é a qualificação de jovens
aprendizes. Com a presença do
Estado, é possível dar escala.
FOLHA - Qual o conselho para
quem está desempregado?
VIANA - Recomendo ir ao CAT.
Temos mais de 10 mil vagas. E
inscrever-se em cursos.
FOLHA - Qual a previsão de recolocação de profissionais em 2007?
VIANA - É a de superar 50 mil.
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