São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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Entrevista do mês
Prefeitura recolocará 50 mil profissionais, diz secretário

Para Gilmar Viana, qualificação para desempregados aumentará 25%

RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas planilhas da Secretaria Municipal do Trabalho de São Paulo estão 40.404 profissionais recolocados no mercado de trabalho entre junho de 2005 e novembro de 2006 - 13% de um universo de 305.645 trabalhadores cadastrados nos CATs (Centros de Apoio ao Trabalho). Para este ano, a previsão é chegar a 50 mil. É o que estima o secretário municipal do Trabalho, Gilmar Viana. Em entrevista à Folha, ele fala sobre a contratação de 4.000 profissionais -de 10.000 qualificados- e revela que, em 2007, uma das apostas é uma parceria com a secretaria estadual para estimular a contratação de jovens aprendizes.

 

FOLHA - Como o sr. avalia o índice de 13% de empregabilidade obtido pela secretaria no ano passado?
GILMAR VIANA
- Nós, evidentemente, não estamos satisfeitos com essa "performance". Temos que enxergar o número com um grau de avaliação um pouco mais refinado. Se são captadas 166 mil vagas e empregadas 46 mil em um universo de mais de 310 mil pessoas que passaram pelo Centro [de Apoio ao Trabalho], a pergunta é por que não foi preenchido o total de vagas. O motivo é a [falta de] qualificação.

FOLHA - Quantas pessoas foram qualificadas no ano passado?
VIANA
- Mais de 10 mil.

FOLHA - Qual a meta para 2007?
VIANA
- É aumentar [esse número] em torno de 25%. Estamos falando em qualificar 12,5 mil a 13 mil pessoas. Isso é importante destacar. É preciso ter clareza sobre quais são os segmentos em ascensão na cidade de São Paulo para que a qualificação tenha mais eficácia na questão da empregabilidade. Os setores que mais empregam são gastronomia, tecnologia da informação, hotelaria, moda e indústria de cosméticos.

FOLHA - Dessas 13 mil pessoas qualificadas em 2007, quantas devem ser recolocadas?
VIANA
- O gestor público dessa área sempre tem aquele dilema: dá escala ou dá qualidade. Nós estamos falando de uma demanda gigantesca por qualificação, mas optamos pela qualidade. Nosso programa de qualificação tem mais de 500 horas. O aluno fica mais de seis meses estudando e recebendo uma bolsa. Nós lidamos com um público de 18 a 20 anos, que é uma faixa crítica do ponto de vista de empregabilidade, e que mora em zonas altamente vulneráveis: na periferia da cidade de São Paulo.

FOLHA - Das 10 mil pessoas qualificadas, quantas foram recolocadas?
VIANA
- Acreditamos que 40% estejam trabalhando.

FOLHA - São 4.000 pessoas recolocadas. Não é um índice baixo?
VIANA
- Nós não consideramos baixo, não. Trabalhamos com arcos ocupacionais. Por exemplo, quando nós falamos de gastronomia, não temos pretensão de formar um mestre, um chef. O profissional aprende a manusear máquinas, [a fazer] cortes especiais de carne e a preparar um drinque. Ele aprende esse arco ocupacional e pode ser absorvido em uma lanchonete ou em um hotel. Nós aumentamos as oportunidades desse jovem. Ele evidentemente está competindo com outras pessoas que têm treinamento, talvez superior. Mas não consideramos [o índice] baixo. É um trabalho de formiguinha. Sobretudo para esse estrato da população que é extremamente vulnerável. É o sujeito que mora em regiões com [altos] índices de evasão escolar, violência e gravidez precoce.

FOLHA - O que pode ser feito para aumentar a recolocação?
VIANA
- Se não temos escala suficiente para atender a essa demanda, temos que validar alguns modelos. O primeiro é: dentro dessas mais de 500 horas de treinamento, mais de 200 horas são dedicadas ao reforço da matemática, do português e da informática básica. Segundo caminho: fazer os cursos em sintonia com os segmentos de crescimento da cidade. Outro meio que vai ser uma das prioridades deste ano: fazer contatos e reuniões periódicas com empresas para fazer qualificação por demanda. O setor de saúde tem um alto nível de crescimento. Há demanda por profissionais dessa área.

FOLHA - Há alguma estratégia para estimular o primeiro emprego?
VIANA
- O que vai contemplar isso é a parceria com o governo do Estado. O carro-chefe da Secretaria de Estado do Trabalho é a qualificação de jovens aprendizes. Com a presença do Estado, é possível dar escala.

FOLHA - Qual o conselho para quem está desempregado?
VIANA
- Recomendo ir ao CAT. Temos mais de 10 mil vagas. E inscrever-se em cursos.

FOLHA - Qual a previsão de recolocação de profissionais em 2007?
VIANA
- É a de superar 50 mil.


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