São Paulo, Domingo, 14 de Fevereiro de 1999
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Rotina também é cruel para profissões cheias de glamour

LIGIA BRASLAUSKAS
da Reportagem Local

Fascina qualquer um a idéia de trabalhar pouco e ganhar muito -principalmente em uma profissão de dar inveja. Frases como "Bom mesmo é ser jogador de futebol" e "Se pudesse, seria modelo" são comuns quando o assunto é a carreira de quem está no auge.
Nesta edição, a Folha traz relatos de profissionais que exercem atividades ditas glamourosas: comissário de cruzeiro marítimo, degustador de bebidas, fotógrafo de modelos, jogador de futebol, modelo, piloto de Fórmula Indy e político.
O dia-a-dia dessas profissões revela uma certa distância da diversão e do glamour. "As pessoas acham que o degustador passa o dia todo bebendo cerveja", diz Ricardo Pletikoszits Bastos, 31, gerente de cerveja da Brahma.
Segundo ele, 90% do seu tempo é gasto com trabalhos burocráticos e apenas 5%, com degustação. Nas 11 horas que afirma trabalhar diariamente, ele faz contato com clientes, acompanha a distribuição do produto e gerencia pessoas.
Mas, afinal, quando ele degusta a bebida? Uma vez por semana, diz. E no máximo dez amostras de 20 ml a 30 ml (menos de uma lata de cerveja). O salário? R$ 6.000.

Sem comida e banho
Chegar do trabalho sentindo tanto cansaço que não há forças sequer para jantar ou trocar de roupa antes de dormir. Isso lembra a carreira de uma "top model"?
Sim, segundo a modelo profissional Alessandra Berriel, 27. Em 12 anos de carreira, ela ficou sem comer e tomar banho várias vezes.
Para ela, a jornada de trabalho de uma modelo é tão exaustiva quanto a de um executivo que trabalha 12 horas por dia. "A diferença é que trabalhamos por temporada."
O salário é invejável. Alessandra afirma que é difícil precisar um valor por mês, mas que a média anual gira em torno de R$ 120 mil.
"Viajar constantemente, morar com pessoas desconhecidas e aguentar a cobrança de estilistas em busca da perfeição não é fácil."
Antes de ser bonita, a modelo tem de ser uma excelente vendedora: "A passarela é como uma vitrine. Se a roupa não vender, é porque foi mal exposta", comenta.
Segundo ela, durante os desfiles, é necessário ter um controle de qualidade tão rigoroso quanto o de qualquer outra profissão.
"É preciso ter muito jogo de cintura para desfilar com salto quebrado e andar como se estivesse calçando um tênis confortável", afirma a modelo.


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