S?o Paulo, domingo, 14 de agosto de 2011

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Professores contratam ex-alunos

Estudante deve fortalecer rede de contatos no início do ensino superior, afirma especialista

MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO

A proximidade entre alunos e professores tem levado a relação para fora da sala de aula. Com cursos cada vez mais voltados para o mercado, o mestre passa a atuar como futuro empregador.
Foi na faculdade de administração que André Araújo, 28, conheceu seu atual chefe, Homero Reis, dono de uma empresa de "coaching". Os dois já haviam se encontrado em duas disciplinas.
"Encantei-me com o método [de "coaching" de Reis] e foquei a carreira para trabalhar com ele", diz Araújo.
Dois anos depois da formatura, o ex-pupilo encontrou o mestre em um evento e disse que estava especializando-se. "Ele marcou uma conversa e me selecionou."
Na avaliação de Reis, seu ex-aluno e hoje funcionário está entre os "cerca de 10% dos estudantes que têm comprometimento efetivo com a formação acadêmica".
O empresário afirma ser importante mostrar que a relação da sala de aula pode transformar-se em contratação. "O aluno foca os estudos porque sabe que a empresa está de olho", considera Reis.

REDE DE CONTATOS
Para Eliane Figueiredo, diretora da consultoria Projeto RH, a possibilidade de misturar vida profissional e vida acadêmica deve ser percebida no início do curso. "[O estudante] tem que aprender a fazer 'networking' com amigos e professores", orienta.
O interesse demonstrado em consultas ao professor, nos intervalos, é essencial, frisa Abaetê Azevedo, CEO da agência de publicidade Rapp Brasil e América Latina, que leciona em pós-graduação.
"Fazer a ponte entre academia e mercado é natural com aquele aluno de uma turma de 40 pessoas que te puxa pela manga do casaco ao fim da aula ou palestra e pede uma bibliografia nova."

PRIORIDADE
Ariadne Maia, 27, é redatora publicitária da empresa de Azevedo e foi indicada por um professor que também trabalha na companhia.
"É preciso mostrar-se o máximo que puder. O professor já vai saber que você consegue fazer sem precisar perguntar ou entrevistar", indica a profissional.
Mas a ligação professor-aluno não deveria beneficiar o pupilo na contratação, defende Gustavo Nascimento, gerente de relacionamento da consultoria Foco Talentos.
"Na sala de aula, o professor verá que o aluno tem potencial, mas não pode dar prioridade a ele em um processo seletivo", diz ele, que também leciona e afirma sustentar a isonomia na seleção.


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