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MEDICINA
Exercício implica intervir e decidir sobre a vida de outras pessoas
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O que seria da humanidade se
não existissem pessoas com conhecimento, atitude, coragem e
habilidade para, se necessário, inserir um tubo na traquéia de alguém, fazendo, assim, com que
essa pessoa continue respirando?
Ou então promover sobre o seu
peito um choque de até 200 jaules,
para o coração recuperar o ritmo?
"A medicina é a profissão das
decisões, em que as decisões não
são conferidas. Daí a importância
da boa formação e da seriedade",
analisa Antonio Carlos Lopes, 55,
professor do curso de medicina
da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira de Clínica.
Por tratar doenças, esse profissional lida diretamente com a vida humana. Na sociedade, cabe
ao médico tal função.
"A medicina pode ser também a
profissão do sofrimento, e só consegue exercê-la quem tem uma
preocupação constante a respeito
de seus atos e decisões. O compromisso não se encerra quando
acaba a consulta, é preciso dedicação 24 horas por dia, para sempre,
e uma resistência muito grande,
porque só se recebem queixas e
reclamações", acrescenta Lopes.
Além de um bom preparo psicológico, é preciso ter consciência
de que, nesse ofício, o erro não é
admitido.
A faculdade dura seis anos, mas,
na verdade, são pelo menos dez
anos de estudo para se tornar um
especialista. A graduação exige
dedicação em período integral e
inclui um período de internato
(treinamento em hospital).
Depois, mais dois anos de residência, em que o profissional já
possui o seu número no Conselho
Regional de Medicina, o CRM. Ao
término, obtém-se o título da área
que freqüentou (dermatologia,
obstetrícia, pediatria etc.).
A especialidade médica só vem
com cerca de mais dois anos de
residência médica. Porém, para se
manter em dia com a prática da
profissão, um médico nunca pode
parar de estudar e de desenvolver
habilidades na área de atuação.
Para Maria do Patrocínio Tenório Nunes, 43, presidente da Comissão de Residência Médica do
Hospital das Clínicas, é preciso
gostar de pessoas e de ajudá-las,
enfrentar dias de sono, às vezes,
sofrer com o paciente.
"Os recém-formados se deparam com a questão da responsabilidade, numa profissão em que
se passa por situações difíceis,
particularmente num país como o
Brasil, onde a saúde pública é deficitária e os médicos ganham
mal. Mas quem quer fazer medicina dificilmente desiste."
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