|
Próximo Texto | Índice
INCLUSÃO EM CENA
Deficientes qualificados são maioria no mercado
Dos empregados com deficiência, 53% têm nível médio ou superior
MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ter qualificação é a exigência
mínima para ocupar qualquer
posto de trabalho. Para pessoas
com deficiência, essa regra não
é diferente.
De acordo com dados da Rais
2007 (Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério
do Trabalho e Emprego), das
348.818 pessoas com deficiência inseridas no mercado profissional, 53% têm o ensino médio ou o superior completo.
"Isso reflete o viés de contratação das empresas, que estão
priorizando recrutar pessoas
[com deficiência] com nível de
escolaridade maior", explica
José Carlos do Carmo, um dos
coordenadores do programa de
inclusão da pessoa com deficiência da Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo.
Investir na educação para se
destacar no mercado de trabalho foi a aposta do professor de
artes plásticas do Colégio Santa
Maria, Paulo Pitombo, 49, deficiente visual.
"O mercado é muito exigente
e tentei me qualificar ao máximo. Além da competência, tive
que mostrar credibilidade",
conta ele, que tem mestrado
pela Unicamp (Universidade
Estadual de Campinas).
Excluídos
A realidade da inclusão, contudo, não é otimista, na avaliação do assessor da Secretaria
de Inspeção do Trabalho Rogério Reis. "As empresas optam
por contratar pessoas com deficiências mais leves. O número
total de trabalhadores poderia
ser dobrado se a cota estivesse
sendo cumprida", afirma. Pela
Lei de Cotas, companhias com
mais de cem funcionários têm
de reservar de 1% a 5% de vagas
para deficientes, conforme o
número de colaboradores.
No Brasil, o Censo 2000, do
IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que 14,5% da população -24,5 milhões de pessoas- tem alguma deficiência.
A falta de fiscalização, diz
Reis, é um dos grandes entraves
para o cumprimento da norma.
"As empresas ainda alegam que
os profissionais não são qualificados nem capacitados."
A fim de driblar essa situação, o Ministério do Trabalho e
Emprego lançou, em novembro, um projeto piloto em nove
Estados para incitar a inclusão.
O objetivo é oferecer à empresa a alternativa de capacitar
as pessoas com deficiência como aprendizes durante dois
anos. "Após esse período, ela
terá de contratá-los pela cota."
Próximo Texto: Inclusão em cena: Deficiente mental ganha 48% menos que os demais Índice
|