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INCLUSÃO EM CENA
Salário acima da média é para poucos
Empresas disputam pessoas com deficiência "leve"
RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em grande parte dos casos,
profissionais com deficiência
encontram todo tipo de obstáculos no mercado de trabalho.
Porém, para um grupo bem restrito -com ensino médio completo e, principalmente, uma
deficiência considerada "leve"
por empregadores-, a situação
muda totalmente, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
"Hoje, um assistente administrativo [deficiente], com ensino médio completo e sem experiência, consegue remuneração de até R$ 1.200 -a média é
de R$ 800. Há disputa das empresas [por alguns profissionais]", diz Ricardo de Carvalho,
gerente da CS4 Consultoria.
Segundo ele, estão fora dessa
lista cadeirantes, cegos e surdos, já que, para recebê-los, as
firmas teriam de fazer investimentos em infra-estrutura.
Da mesma opinião compartilham entidades que atuam com
inclusão, como Instituto Paradigma e Avape.
De acordo com a Rais 2007
(Relação Anual de Informações
Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, deficientes
têm salários superiores aos dos
demais -mas a diferença é mínima. Os primeiros têm ganho
mensal de R$ 1.390; os demais,
de R$1.356.
Isso porque, enfatiza a coordenadora da Rede Saci, Ana
Maria Barbosa, salários muito
elevados são uma realidade
restrita a um grupo pequeno,
que se encaixa no perfil "ideal"
-e não exija mudanças culturais ou estruturais na firma.
"Esse panorama não se aplica ao todo. Assim como a imagem de que quem tem um bom
currículo não se compromete."
A demanda por profissionais,
segundo consultores, tem estado aquecida. Mas, no fim do
ano, costuma inflar mais.
"Nessa época, começa uma
corrida para contratar e cumprir [as cotas]", pontua Claudio
Tavares, analista de gestão de
RH da Deficiente Online.
"Algumas empresas nem integram as pessoas", diz Rosana
Moreira, sócia da Incluir RH.
Política inclusiva
Para gerentes e diretores de
recursos humanos, plano de
carreira e ambiente inclusivo
são suficientes para manter a
rotatividade sob controle.
Consultados pela Folha, responsáveis pelas áreas de RH de
grandes empresas, como Natura, Santander, Whirlpool e
Grupo Astra, afirmam manter
o "turnover" baixo devido à política interna, que abrange investimento em qualificação e
oportunidade de ascensão.
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