São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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INCLUSÃO EM CENA

Salário acima da média é para poucos

Empresas disputam pessoas com deficiência "leve"

RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em grande parte dos casos, profissionais com deficiência encontram todo tipo de obstáculos no mercado de trabalho. Porém, para um grupo bem restrito -com ensino médio completo e, principalmente, uma deficiência considerada "leve" por empregadores-, a situação muda totalmente, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
"Hoje, um assistente administrativo [deficiente], com ensino médio completo e sem experiência, consegue remuneração de até R$ 1.200 -a média é de R$ 800. Há disputa das empresas [por alguns profissionais]", diz Ricardo de Carvalho, gerente da CS4 Consultoria.
Segundo ele, estão fora dessa lista cadeirantes, cegos e surdos, já que, para recebê-los, as firmas teriam de fazer investimentos em infra-estrutura.
Da mesma opinião compartilham entidades que atuam com inclusão, como Instituto Paradigma e Avape.
De acordo com a Rais 2007 (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, deficientes têm salários superiores aos dos demais -mas a diferença é mínima. Os primeiros têm ganho mensal de R$ 1.390; os demais, de R$1.356.
Isso porque, enfatiza a coordenadora da Rede Saci, Ana Maria Barbosa, salários muito elevados são uma realidade restrita a um grupo pequeno, que se encaixa no perfil "ideal" -e não exija mudanças culturais ou estruturais na firma.
"Esse panorama não se aplica ao todo. Assim como a imagem de que quem tem um bom currículo não se compromete."
A demanda por profissionais, segundo consultores, tem estado aquecida. Mas, no fim do ano, costuma inflar mais.
"Nessa época, começa uma corrida para contratar e cumprir [as cotas]", pontua Claudio Tavares, analista de gestão de RH da Deficiente Online.
"Algumas empresas nem integram as pessoas", diz Rosana Moreira, sócia da Incluir RH.

Política inclusiva
Para gerentes e diretores de recursos humanos, plano de carreira e ambiente inclusivo são suficientes para manter a rotatividade sob controle.
Consultados pela Folha, responsáveis pelas áreas de RH de grandes empresas, como Natura, Santander, Whirlpool e Grupo Astra, afirmam manter o "turnover" baixo devido à política interna, que abrange investimento em qualificação e oportunidade de ascensão.


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