São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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Conselho credita baixo índice de aprovação à qualidade do ensino oferecido

Exame para registro barra 60% dos formados

Fernando Moraes/Folha Imagem
Glauco Martins Bou Assi, há 14 anos no mercado, dedica duas horas do dia para estudar legislação


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Quando o assunto em questão é a formação dos contabilistas, tanto em nível superior quanto técnico, o resultado é desanimador: no último exame, realizado em setembro de 2003, 60% dos candidatos foram reprovados. Na edição anterior, o índice foi de 38%.
A explicação do Conselho Federal de Contabilidade é dupla: queda na qualidade dos cursos e aumento do nível de exigência no exame para obtenção do registro, obrigatório para o exercício da profissão. Situação semelhante é verificada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Em abril de 2003, apenas 27,45% dos candidatos do Estado de São Paulo foram aprovados.
Na avaliação de José Martonio Alves Coelho, presidente do conselho, os baixos índices relacionam-se à proliferação de escolas, sobretudo de nível superior, o que, segundo ele, comprometeu a qualidade do ensino. Embora o percentual de aprovados tenha recuado, o nível dos serviços prestados por quem já está no mercado melhorou consideravelmente, segundo o mesmo órgão.
Questões de ética, elaboradas com base no Código de Ética Profissional do Contabilista, ganham a cada ano mais destaque no Exame Nacional de Suficiência. Suspensões do registro por até dois anos e advertências são algumas das punições aplicadas pelo conselho por desvios de conduta.
Autos de infração, documentos emitidos pelos conselhos regionais de contabilidade em razão de indícios de irregularidades, cresceram nos últimos anos: foram 6.759 em 2002 e 8.865 em 2003.
O salto é explicado pelo aumento da fiscalização em empresas e órgãos públicos com vistas ao fiel cumprimento da boa conduta ética e disciplinar.
A área de auditoria também ganhou destaque no mercado. Desde 2003, auditores independentes são submetidos a exames de qualificação e a um programa de educação continuada (32 horas/aula anuais), cuja participação é obrigatória. O conselho tem a intenção de estender o programa a contadores e técnicos.
"É mais um passo visando a melhoria da qualidade das informações prestadas ao mercado", diz José Carlos Bezerra da Silva, gerente de normas contábeis da Comissão de Valores Mobiliários.
O contabilista Glauco Martins Bou Assi, 32, que está há 14 anos no mercado, defende a necessidade de profissionais dessas áreas estarem sempre em busca de atualização. "Hoje, minha rotina é mais sobrecarregada. Dedico duas horas do meu dia ao estudo da legislação." (SBR)


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