São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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CARREIRA EM EVIDÊNCIA

Trabalho atrai e preocupa jovem, aponta pesquisa

TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Emprego e profissão deixaram de ser preocupações típicas da idade adulta. Hoje os temas povoam as mentes de adolescentes e de jovens brasileiros que tentam, cada vez mais cedo, vislumbrar atalhos para o futuro profissional.
O dado é uma das conclusões da pesquisa Perfil da Juventude Brasileira, realizada pelo Instituto Cidadania com 3.501 entrevistados na faixa etária de 15 a 24 anos.
De acordo com o estudo, "emprego/profissão" é o segundo assunto que mais interessa aos jovens, perdendo só para "educação". Com 17% e 18% das respostas, respectivamente, as temáticas estão tecnicamente empatadas, já que a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
"Estamos diante da "geração-desempenho", em que só se é alguém quando se tem um bom trabalho", diz Natércia Tiba, psicóloga e colaboradora do livro "Quem Ama Educa!" (ed. Gente, R$ 32).
Ainda segundo a pesquisa, os jovens têm elevada expectativa sobre a participação dos pais na escolha da carreira, e "futuro profissional" é o tema sobre o qual mais gostariam de falar com eles.
Para Tiba, mais do que um "boom" de conscientização, o comportamento indica predominância de baixa auto-estima nesse público. "São crianças que cresceram com os pais fora o tempo todo. Não aprenderam a gostar de si pelo que são, precisam virar profissionais de destaque para se sentirem pessoas realizadas", explica.

Inquietações
Entre as preocupações que mais acometem essa parcela da população "emprego/trabalho" só perde para "segurança/violência", conforme mostra a pesquisa.
"Com a multiplicação das carreiras, escolher a profissão gera hoje mais preocupação do que no passado", comenta Marcos Vono, 40, psicólogo e gerente do departamento de carreiras da Faculdade IBTA (Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada).
Entre os entrevistados que menos se preocupam com trabalho figuram os grupos com nível superior e renda familiar acima de dez salários mínimos, num indício de que os herdeiros da classe AA estão menos atentos quanto ao seu futuro.
"Há menos estímulo ao desenvolvimento nesse ambiente, mas não convém atribuir a falha a uma classe social. Quem desperta a responsabilidade são os pais", diz Luíza Ricotta, 40, psicóloga e autora de "Quem Grita Perde a Razão" (ed. Ágora, R$ 18).
O relatório "Tendências Globais do Emprego para a Juventude 2004", da OIT (Organização Internacional do Trabalho), divulgado na última semana, aponta que a taxa de desemprego entre os jovens chegou a 14,4% em 2003. O número é 25,6% maior que o observado na última década.

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