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Concursos
Se aprovada, emenda trará mudanças a concurseiros e a funcionários públicos
LAURA FOLGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem pretende prestar concurso público deve ficar atento:
se de fato chegar, o "trem da
alegria" poderá trazer descontentamento em seus vagões.
A PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) 54/1999, em
tramitação na Câmara, visa
efetivar e dar estabilidade a
funcionários públicos sem concurso contratados entre 1983 e
1988 ou que estejam sob contrato temporário. Estima-se
que o número de beneficiados
possa chegar a 260 mil.
Segundo o professor de direito administrativo Wilson Granjeiro, as medidas podem ter impacto direto na vida de quem
sonha com uma vaga pública.
"No curtíssimo prazo, fazem
com que deixem de existir milhares de vagas que seriam destinadas a concursos", afirma.
Como a contribuição desses
profissionais não é igual àquela
paga pelos concursados, Granjeiro explica que a aprovação da
emenda também afetará a seguridade social dos servidores.
"Pessoas que nunca contribuíram terão direito a benefícios como aposentadoria integral e estabilidade vitalícia."
A enfermeira Juliana Caires
de Oliveira, 31, poderá ser um
dos prejudicados caso a proposta passe a valer.
Desde 2000, Oliveira trabalha no Hospital das Clínicas de
São Paulo, onde entrou depois
de prestar concurso. Há quatro
anos, porém, espera ser chamada pelo Centro de Saúde de Pinheiros, também na capital, entidade para a qual foi aprovada
por meio de outro exame.
"As vagas são para quem passa no processo seletivo", diz. "É
injusto que uma pessoa sem
concurso fique com a vaga."
Visão oposta
Há, no entanto, quem se sinta beneficiado pela proposta.
Maria Tania Carlos Magno, 44,
por exemplo, trabalha no setor
de compras do hemocentro da
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde 1989.
No início, era contratada como prestadora de serviços.
Em 1990, foi efetivada pela
Fundação de Desenvolvimento
da Unicamp, que a registrou
sob o regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
"É complicado, pois eu sou
funcionária pública, embora
esteja efetivada por uma entidade privada", conta. "Mas não
tenho os mesmos benefícios de
um servidor público. Por isso,
se a universidade precisa de
funcionários e o governo não
abre concurso, por que não
[apoiar a emenda]?", conclui.
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