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Sua carreira
Tatuagens atrapalham início da vida profissional
Marcas ainda são malvistas em profissões mais conservadoras
PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para conseguir trabalhar em
uma companhia aérea, a estudante Flávia Cristina Veloso
dos Santos, 21, viu-se obrigada
a retirar sua única tatuagem.
"Eu a fiz há três anos e nunca
pensei que ela me prejudicaria
profissionalmente", comenta.
O desenho de uma pequena
borboleta na nuca causou-lhe
problemas na primeira busca
por um emprego no setor de
eventos, como promotora.
"Nem todas as empresas aceitam pessoas tatuadas", admite.
Ter desenhos no corpo e colocar piercings são iniciativas
cada vez mais acessíveis. Existem estúdios de tatuagens até
mesmo em shopping centers.
Ainda assim, no mundo corporativo, ostentar tais adereços
dificulta a carreira -sobretudo
a de iniciantes-, ressalta Fernanda Campos, sócia-diretora
da Mariaca InterSearch.
"O candidato deve ficar atento ao perfil da profissão que
quer seguir e das empresas em
que gostaria de ingressar antes
de fazer uma tatuagem em um
lugar visível", explica Campos.
Nuca, pescoço, pulsos e tornozelos são os locais que mais
chamam a atenção dos contratantes. Marcas nesses locais,
portanto, podem criar dificuldades para o candidato conseguir a tão almejada vaga.
Mentir sobre ter tatuagens
ou piercings também está fora
de cogitação. "Denota falta de
ética", decreta Campos.
Algumas profissões, como o
de comissária de bordo, sonho
da estudante Flávia Santos, não
admitem pessoas com desenhos em locais visíveis.
"Ter uma tatuagem em um
local que não aparece no uniforme já não é bem-visto pelas
empresas; já em uma parte visível do corpo praticamente anula as chances de a pessoa ser
contratada", enfatiza o coordenador do Ceab (Centro Educacional de Aviação do Brasil),
Ricardo Augusto Marques.
Concursos públicos
Aos que desejam seguir carreira no funcionalismo público,
especialmente os profissionais
do setor jurídico, o juiz federal
William Douglas, autor do livro
"Como Passar em Provas e
Concursos" (ed. Campus/Elsevier), é categórico: "Tatuagens
não devem ser feitas e, se existirem, devem ser retiradas".
"Elas já apresentam hoje melhor aceitação popular, mas as
bancas avaliadoras ainda são
compostas de antigos profissionais, que não as vêem com
bons olhos", observa Douglas.
Ramon Mateo Jr., 48, juiz de
uma vara cível de Santos e magistrado há 18 anos, foi contra
essa indicação e recentemente
fez uma tatuagem no braço.
Como trabalha de terno,
poucos colegas sabem da novidade. Mas Mateo admite que,
se ele tivesse esse desenho no
corpo quando prestou concurso, talvez não tivesse conquistado a posição que ocupa hoje.
"Não existe regra que impeça
o candidato de ter tatuagem.
Mas ainda há certo nível de
preconceito", argumenta.
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