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PORTAS ABERTAS
Falta de qualificação vira principal obstáculo
Cursos de capacitação em escolas especializadas facilitam inclusão
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A falta de qualificação de pessoas deficientes não deve ser
considerada obstáculo para a
contratação nas empresas.
É o que afirma João Baptista
Ribas, 53, que é paraplégico e
coordenador do programa de
empregabilidade da Serasa. Para ele, relacionar qualificação e
contratação é uma armadilha.
"É conveniente dizer que a
empresa está aberta mas não
há pessoas qualificadas. Só
vamos enfrentar a realidade
brasileira qualificando-as."
Ribas acrescenta que é a cultura da empresa que deve mudar. "As companhias precisam
entender que comprar um software para cegos é igual a adquirir um pacote Office, ou seja,
um investimento. Os profissionais têm de dar resultado."
Glaucy Bocci, consultora sênior da Hay Group, ressalta que
as mudanças nesse cenário já
são visíveis. "As empresas têm
levado as contratações a sério,
de maneira criteriosa. Existe a
consciência de que é preciso
haver um investimento inicial
em qualificação de profissionais com deficiência", avalia.
Proatividade
Para quem não quer esperar
pela qualificação via empresa, a
alternativa são cursos especiais.
Desempregado havia dez
anos, Valmir Dorazio, 51, só
conseguiu trabalho depois de
fazer um curso de telemarketing no Instituto Paradigma.
"Sou formado em administração, mas, por causa da deficiência [causada pela poliomielite],
não conseguia emprego."
Dorazio diz já ter sido "vítima" da Lei de Cotas. Para ele,
que hoje coordena a área de
produtos de uma firma, a discriminação está na impossibilidade de ascensão na carreira.
"Se você tem deficiência, não
cresce na empresa", contesta.
"Eu me sinto subaproveitada", atesta a estagiária Luciana
dos Santos, 27, que teve, aos 11
anos, um tumor cerebral com
seqüelas. Hoje ela faz parte de
um programa de inclusão de
um escritório de advocacia.
"As pessoas não me passam
trabalho, com medo de que eu
não consiga resolvê-lo", conta.
Para Danilo Namo, 37, doutor em educação especial e
coordenador de capacitação do
Instituto Paradigma, há outro
problema relacionado à qualificação profissional: "As pessoas
não buscam instrução com medo de perder um benefício dado
pelo governo" (leia mais em entrevista na página 7).
(MCN e DB)
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