São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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SUSTENTO GARANTIDO

Variação salarial média ficou pouco acima da inflação

Entre os setores, comércio registra o maior aumento

MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o holerite mostrou um aumento de salário em 2007, mas o acréscimo pareceu não ter rendido no bolso, a culpa pode ser não só do empregador ou das convenções trabalhistas.
Segundo a pesquisa Bolsa de Salários, feita pelo Datafolha, a variação salarial média foi de 5,03% em 2007. A inflação acumulada no ano foi de 4,38%, de acordo com o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Dessa maneira, o ganho real do trabalhador foi de 0,65 pontos percentuais (menor do que em 2006, quando a inflação acumulada foi de 2,55%, segundo o IPC-Fipe, e a variação salarial foi de 4,9%).
Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), ressalta que, em 2007, houve ganho real, mas a inflação baixa não se sustentou.
Para o professor do laboratório de finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração) José Roberto Saboya, os reajustes estiveram aquém do esperado, mas os salários devem continuar crescendo, em razão do melhor desempenho da economia brasileira.

Maior aumento
Algumas ocupações tiveram aumentos mais expressivos. O crescimento da indústria e da construção civil e a demanda por profissionais de nível técnico e operacional impulsionaram o reajuste das categorias ligadas àqueles setores.
Operador de torno-revólver, por exemplo, foi a função que recebeu o maior aumento, de 10,59%, seguida por ajudante de pedreiro, com 10,06%.
"Funções de escritório não se beneficiaram dos bônus como o alto escalão e não tiveram a mesma demanda que profissões técnicas", afirma Saboya.
Segundo o Datafolha, as menores variações médias ficaram para os grupos de ocupações de nível superior, 4,45%. Entre as profissões que ficaram muito abaixo do índice da inflação está a de programador de materiais, 0,76% (leia mais à pág. 3).

Altas vendas
O comércio foi o setor que apresentou melhor desempenho, 6,18%, seguido pela indústria, 5,94%. "O setor cresceu 8% no último trimestre de 2007", afirma Quadros, da FGV.
Para Fernanda Della Rosa, diretora de assuntos econômicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, a explicação está no acesso ao crédito, bastante utilizado no segmento de bens duráveis. Vittorio Rossi Jr., presidente da concessionária Primo Rossi, faz coro. "A indústria automobilística estava estagnada desde 1997. Em 2007, houve um aumento expressivo no faturamento."


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