S?o Paulo, domingo, 17 de abril de 2011

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SAÚDE CORPORATIVA

Depressão atinge afastado por doença

Falhas na readaptação de lesionados e perseguição de chefes e colegas detonam o surgimento de transtorno

DE SÃO PAULO

Ao voltar de afastamento para tratamento de saúde, o funcionário precisa ser acompanhado pela empresa e readaptado ao local de trabalho. Caso contrário, ele corre o risco de ser novamente afastado para tratar outro mal: a depressão.
"Quem sofreu uma lesão que afetou o desempenho de sua função no trabalho e não foi bem readaptado pode desenvolver doença conhecida como transtorno de adaptação, que tem sintomas de depressão e ansiedade", explica o psiquiatra Duílio Camargo, da comissão técnica de saúde mental e trabalho da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho).
No último ano, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) registrou 3.203 casos de "reações a estresse grave e transtornos de adaptação", que são contabilizados conjuntamente. Em 2009 haviam sido 3.105. Já os "episódios depressivos" foram 4.048, cerca de 800 a menos do que no ano anterior.
A médica e pesquisadora da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) Maria Maena destaca: "[O funcionário] é tratado, muitas vezes, como pessoa não importante para empresa e passa por situações de humilhação".

ÁRDUO REGRESSO
Pesquisa da Isma Brasil (associação internacional de controle do estresse, em tradução livre) mostra que 42% das pessoas que retornam ao trabalho após tratamento de depressão têm recorrência.
Segundo a presidente da associação, Ana Maria Rossi, são trabalhadores que, geralmente, são perseguidos por chefes ou colegas. Muitas vezes, explica, a pessoa é a própria carrasca, "e imagina estar sendo perseguida".
A "marcação" foi sentida por Tatiane Hermesdorff, 35, ex-funcionária do Bradesco e por A.F. (que pediu para não ser identificada).
Depois de serem afastadas para tratar tendinite e bursite, respectivamente, voltaram e foram realocadas em postos nos quais se sentiam desnecessárias à empresa.
"Tínhamos que revezar as poucas cadeiras existentes com outros 15 funcionários e não tínhamos nada para fazer", conta Hermesdorff.
Ela passou a ter insônia e a depressão foi diagnosticada. Houve um novo afastamento para tratamento do mal.
Ao voltar, foi alocada em uma sala com televisão, na qual ela, P.F. e outros funcionários passaram o expediente por mais de um ano.
Em 2010, Hermesdorff foi demitida e entrou com ação contra o banco, que não quis comentar o caso. P.F. foi transferida para a área administrativa.(MV)


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