São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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CARGA PESADA

Brasileiro culpa jornada de trabalho por desequilíbrio na vida pessoal

22% dos trabalhadores têm jornada excessiva, diz OIT

Renato Stockler/Folha Imagem
O empresário Rodrigo Pimenta, que diz controlar horários dos funcionários


ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Trabalhar mais do que gostaria é reclamação recorrente no ambiente corporativo. O que antes era percepção, no entanto, já pode ser mensurado: 1 em cada 5 pessoas tem jornadas laborais excessivas -22% dos profissionais dedicam mais de 48 horas semanais ao trabalho.
No mundo todo, esses trabalhadores somam 614 milhões de pessoas, segundo aponta um estudo global elaborado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), que analisou 50 países em desenvolvimento ou em transição.
Muitas vezes, aponta o relatório, o excesso de horas trabalhadas está ligado às condições de informalidade nas relações de emprego, situação que atinge metade de toda a população ocupada nos países em desenvolvimento.
No Brasil, segundo outro levantamento mundial, este feito pelo instituto de pesquisa Market Analysis, a carga horária de trabalho é empecilho para que 66% dos trabalhadores mantenham equilibrada a relação entre vida profissional e pessoal.
O estudo radiografou, no fim de 2006, a satisfação de 13 mil pessoas em relação ao emprego. No ranking dos mais contentes, porém, o Brasil surpreende: 92% dos respondentes se dizem satisfeitos com o equilíbrio entre as duas esferas.
A consultora Mariá Giuliese, da Lens & Minarelli, diz que o cenário real é menos positivo. Para ela, cresce o número de profissionais que, por não conseguirem estabelecer um equilíbrio entre o escritório e a casa, sucumbem ao sofrimento.
"Hoje, o mundo corporativo gera muito sofrimento pela expectativa que alimenta e não consegue atender", aponta.

Longe do céu
Folgas, longos almoços ou hora fixa para deixar o escritório não fazem parte do cotidiano de Mauricio Catelli, 40, sócio-diretor da CAS Tecnologia.
Ainda assim, ele se diz satisfeito com o tempo dedicado ao trabalho, mesmo que o número de horas diárias no escritório avance a casa dos dois dígitos.
Para "refrescar", conta, ele voa, diariamente, cerca de uma hora -algo como ir de São Paulo ao Rio de Janeiro. Há um ano, Catelli comprou um simulador de Boeing 737-700, de onde "pilota", e o instalou no quarto em que, por coincidência, antes ficava seu escritório.
"Assim consigo "desligar"."


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