S?o Paulo, domingo, 17 de julho de 2011

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Tensão leva a abuso de medicamentos

Para obter rendimento cada vez melhor no trabalho, profissionais recorrem a analgésicos e ansiolíticos

DE SÃO PAULO

Estresse e tensão no trabalho são dois dos detonadores do consumo de medicamentos controlados, como ansiolíticos, e de drogas ilícitas.
O vício, explica Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, começa, muitas vezes, com o uso de remédios vendidos sem receita nas farmácias.
"O executivo que está estressado tem dores nas costas e na cabeça e pode começar a abusar de vitaminas e analgésicos, que não precisam ser prescritos", afirma.
Para encontrar uma solução para o mal-estar físico ou mental, muitos migram para outras substâncias.
Segundo a médica, drogas como cocaína e maconha são usadas para criar distanciamento dos problemas e das pressões do trabalho. Esteroides, anfetaminas, ansiolíticos e analgésicos, complementa Meleiro, são adotados pelos profissionais para aumentar o rendimento. Todos eles podem viciar, diz.

COM RECEITA
O estresse provocado pela reestruturação da empresa em que trabalha fez o engenheiro de sistemas M.M. (não quis se identificar), 42, tomar ansiolíticos. A impaciência havia ultrapassado os muros da empresa -até em casa, com a família, o profissional passou a ter problemas.
Depois de seis meses, ele tentou parar de tomar o medicamento, mas teve dificuldades. "Comecei a sentir falta do remédio, a me sentir pior quando não usava."
Nesse momento, diz ele, descobriu que a droga poderia causar dependência.
O profissional conseguiu reduzir as doses e afirma que hoje não toma mais o medicamento, mas sente-se novamente cansado e irritadiço. Para melhorar, matriculou-se há dois meses em uma academia, mas ainda não foi.
Para Odilon Medeiros, consultor de gestão de pessoas, uma das saídas para deixar o vício é praticar esportes, para aliviar tensões.
É o que diz tentar Fábio Bello Gaspar, 48. O executivo passou a tomar remédios depois de ter problemas de pressão arterial devido ao nível de estresse e à ansiedade.
Ele afirma lidar melhor com a rotina do trabalho e estar se preparando para largar os medicamentos, que toma há cerca de quatro anos.
"Pretendo fazer mais exercícios aeróbicos e jogar futebol nos fins de semana", planeja o executivo.


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