Para o consultor José Augusto Minarelli, trabalhador tem de vender o que é "capaz de produzir e de se fazer lembrado", além de investir em boa rede de contatos

JORDANA VIOTTO
DE SÃO PAULO

As empresas se tornaram mais complexas e competitivas e seus profissionais deixaram a carreira linear em uma única organização para outra, mais dinâmica, em diversas corporações.
Essas transformações, em evolução nas últimas três décadas, "pegaram as pessoas de calças curtas porque elas não desenvolveram os cuidados para que suas carreiras se tornassem sustentáveis", avalia o consultor de carreira José Augusto Minarelli, sócio da empresa de recolocação Lens&Minarelli.
Foi com base nessas mudanças que Minarelli escreveu "Carreira Sustentável" (Ed. Gente), livro que será lançado em 18 de novembro, e sobre o qual falou com exclusividade para a Folha.

 

Folha - Quais são as mudanças [no mercado de trabalho] dos últimos 30 anos que merecem destaque?
JOSÉ AUGUSTO MINARELLI - As empresas deixaram de cuidar da carreira das pessoas e de ser espaços para toda a vida. Também se concentraram em fusões e aquisições e ficaram globais.
Com isso, surgiram novas necessidades em relação a seus profissionais. Isso teve um impacto direto na carreira das pessoas.
[Essas mudanças] pegaram as pessoas de calças curtas porque elas não desenvolveram os cuidados para que suas carreiras se tornassem sustentáveis.

O que destacaria em relação a essas novas necessidades?
O profissional teve de evoluir para um perfil de prestador de serviço.

Qual é a principal diferença entre o empregado e o prestador de serviço?
Como prestador de serviço, ele tem não só de fazer um bom trabalho, mas de cuidar do seu marketing pessoal, de se relacionar, de vender o que ele é capaz de produzir e de se fazer lembrado. Esse conjunto de fatores é o que dá a sustentação à carreira.

De que maneira o profissional pode fazer isso?
Além de ser um bom profissional e de estar atualizado, ele deve ter habilidade para os relacionamentos. Eles são muito importantes e podem ser fonte de ajuda em mudanças de carreira, como transição de empresa, demissão ou aposentadoria.

Outra grande mudança que ocorreu nesses anos foi o advento da internet e das redes sociais. O senhor acredita que as empresas já sabem lidar com essas redes?
Elas são fenômenos novos com os quais estamos aprendendo a conviver.
Por isso minha recomendação para os profissionais é que se lembrem de que certos comentários ou atitudes podem ter consequências negativas ou criar constrangimento ou risco para eles.

As redes sociais são usadas para avaliar o profissional?
Alguns selecionadores fazem buscas nas redes sociais, sim. As redes dão espaço para saber como aquela pessoa expressa seus valores.


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