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O CAMINHO DO EMPREGO
Infra-estrutura é obstáculo dentro e fora das empresas
Falta de acessibilidade é impeditivo para inserção no mercado de trabalho
DA REPORTAGEM LOCAL
"Na cidade, em geral, falta sinalização para deficientes visuais." O responsável por testes
de sistemas de informática
Juliano César Ribeiro, 24, que
mora em Planaltina (cidade-
satélite de Brasília) e trabalha
na Cast, empresa de tecnologia
localizada na capital federal, cita o exemplo da rodoviária, ainda pouco acessível a cegos.
É por lá, no entanto, que tem
de passar
quando segue
para a companhia. Há uma
segunda opção
de condução
-um ônibus
intermunicipal que segue
direto para a
empresa-,
mas ele diz
preferir a primeira, que exige que o profissional troque de linha
no terminal
rodoviário,
quando deseja
chegar um
pouco mais cedo ao trabalho.
"A volta é
mais rápida",
garante Ribeiro, que está no
primeiro semestre da graduação em informática.
Na empresa, contudo, assegura não enfrentar dificuldade.
Foram investidos R$ 3.000 em
um software para cegos e feitas
adaptações para garantir a
acessibilidade do edifício.
Para a gerente da divisão de
reabilitação profissional da
Avape (Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais), Eliana Victor, além de
Brasília ou Planaltina, outras
cidades precisam oferecer mais
infra-estrutura para deficientes. "Não há transporte suficiente e semáforos adaptados",
afirma a gerente, referindo-se à
capital paulista.
A gerente diz conhecer casos
de profissionais que tiveram de
recusar o emprego porque,
mesmo a empresa sendo totalmente adaptada, a falta de acessibilidade em locais públicos os
impedia de chegar ao trabalho.
A falta de estrutura, especialmente a logística, também é
apontada pelo diretor da Michael Page Marcelo de Lucca como uma das barreiras que esses
trabalhadores
têm de superar
no mercado. No
ano passado, a
consultoria traçou um projeto
de inclusão com
820 deficientes
-seus currículos
foram encaminhados para o
departamento
de RH de grandes companhias.
"Diziam que a
firma não estava
arquitetonicamente capacitada", diz, acrescentando que foram contratados
menos de dez
profissionais.
Perspectiva
Sandra Perito, presidente do
Instituto Brasil Acessível, traça
um cenário positivo, mais inclusivo -mas a longo prazo.
De acordo com ela, a legislação
determina que as novas construções sigam alguns padrões
de acessibilidade.
"É mais rápido para o empresário fazer adaptações do que
para o Estado", opina ela, acrescentando que o processo de inclusão de deficientes "é o início
de uma mudança cultural".
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