São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Professores estão entre os que mais sofrem com a voz

A cada 110 educadores afastados por doenças vocais, 7 deixam a função em razão de acidente de trabalho

PRISCILA PASTRE-ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ela é usada o tempo todo. Invisível, trabalha entre seis e 12 horas por dia. Cigarro, ar-condicionado, gordura e álcool estão entre seus piores inimigos.
Fundamental ao sustento de mais da metade dos trabalhadores do país, a voz muitas vezes não recebe a atenção merecida antes de dar os primeiros sinais de que algo não vai bem.
Mas há quem sofra mais. Entre os "profissionais da voz", estudo do Laboratório de Saúde do Trabalhador, da UnB (Universidade de Brasília), aponta os professores como uma das categorias com a maior incidência de afastamentos por essa causa, sendo que 6,4% são caracterizados como acidentes de trabalho.
Outra pesquisa, da USP (Universidade de São Paulo), com 108 educadores de oito creches da capital, registrou que 80% deles já notaram alteração vocal. Desse total, somente 26% foram em busca de tratamento.
Edith Sonagere, 46, faz parte dessa amostra. Professora há 24 anos, descobriu o problema nas cordas vocais por acaso. "Fiz um exame de rinite e soube que tenho um espaçamento nas cordas vocais, agora sendo corrigido com sessões de fonoterapia", comenta Sonagere.
Ela diz que já sentia rouquidão havia algum tempo, mas não considerava um problema de saúde. Caso não fosse diagnosticada, porém, a doença poderia levá-la a perder a fala.
"Cerca de 80% dos educadores vêm ao consultório precisando de tratamento. Infelizmente, poucos pensam na prevenção", diz a fonoaudióloga Fabiana Zambon, do Sindicato dos Professores de São Paulo.
Orientações bem simples, como tomar bastante água durante o trabalho e aquecer a voz antes de começar o expediente já seriam suficientes para reduzir o número de pessoas com necessidade de tratamento, apontam especialistas.

Alimentação
Geraldo Druck Sant'Anna, presidente da Associação Brasileira de Laringologia e Voz, afirma que a alimentação também está ligada às doenças. Por isso, diz, é recomendável evitar comidas gordurosas, que causem refluxo gastroesofágico. "O refluxo faz com que o ácido suba para a garganta e irrite as cordas vocais", explica.
Entre todos os inimigos da voz, contudo, o pior é o cigarro. "O tabaco pode levar ao câncer de laringe", destaca, lembrando que o consumo de bebidas alcóolicas aumenta as chances de o fumante desenvolver a doença.


Texto Anterior: Mural
Próximo Texto: Outras áreas: Atendentes também são alvos potenciais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.