Com nova demanda, "decoreba" perde peso

ANDRÉ LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

As exigências das seleções em concursos públicos aumentaram, e as bancas se direcionam para uma abordagem mais complexa. A tendência é que os enunciados e as respostas mesclem análise, conteúdo e comportamento na função pública.
Assim, duas respostas sobre uma construção, por exemplo, podem estar corretas do ponto de vista técnico, mas apenas uma é considerada válida se forem levados em consideração outros aspectos relacionados ao tema, como legislação.
A pergunta, então, não exigirá apenas memorização, mas bom embasamento ético.
O convencional nos exames seria questionar o que é verdadeiro e falso sobre o que diz uma lei, explica Leonardo Teixeira, coordenador de concursos da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. O que se faz agora, complementa, é criar um exemplo prático -a resposta exigiria o conhecimento da legislação. "Não é necessário saber a lei de cor, mas entender o seu alcance", esclarece.
O Cespe/UnB (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília) também tem essa forma de seleção. O coordenador acadêmico, Marcos Vinícius Soares, informa que o objetivo da instituição é identificar se o candidato sabe aplicar uma lei, e não a data em que ela foi publicada.
Ambos, porém, concordam que essa tendência precisa ser desenvolvida e ter demanda por parte dos órgãos públicos.

Fim das "pegadinhas"
Com o aumento da complexidade, o candidato pode focar mais o contexto do que os detalhes, como nomes com grafia alterada, afirma Ernani Pimentel presidente da Anpac (Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos).
A evolução do modelo "decoreba" para o que mede também as competências, como capacidade de interpretação de texto e prova discursiva, ganhou força nos últimos quatro anos e eliminou "pegadinhas", como números errados em afirmações corretas, aponta Pimentel.


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