São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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saúde corporativa

Disfunção no maxilar afeta trabalho de profissionais

Especialistas apontam relação entre dores na boca e nas costas

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A analista financeira Kátia de Andrada Coelho, 38, não era vista como uma funcionária muito bem-humorada na empresa em que trabalhava. Seus colegas chegavam a comentar que ela nunca sorria.
"Eu tinha muitas dores de cabeça e na boca, no ouvido, na garganta e nas costas", explica. "Como iria sorrir?"
Sem saber exatamente o que havia de errado, Coelho procurou diversos médicos, mas nenhum deles conseguiu identificar a causa das dores.
Sugeriram que procurasse um dentista. O diagnóstico foi DTM (disfunção temporomandibular), um problema na articulação que permite abrir e fechar a boca.
Coelho fez um tratamento intensivo, que incluiu consultas a um fonoaudiólogo e sessões de RPG (reeducação postural global). Ela também foi submetida a uma cirurgia para corrigir o encaixe dos dentes -causa da disfunção.
"Ela hoje é outra pessoa", diz a médica Kátia Ferrer, 44, que participou do tratamento de Coelho. Segundo Ferrer, o humor de sua ex-paciente mudou para "muito melhor".
As alterações não beneficiaram apenas a vida pessoal de Coelho -tiveram impactos profissionais. "Trabalho muito melhor hoje", comenta. "Lido com clientes e preciso estar sempre bem-humorada, o que não estava acontecendo."

Reflexo
Muitas vezes, os profissionais que sofrem dessa disfunção pedem afastamento de seu trabalho, tamanho o incômodo que sentem.
A principal razão para a dor -inicialmente localizada na mandíbula- espalhar-se para outras partes do corpo é a relação entre os músculos da boca e os da testa, do pescoço, do ombro e das costas.
"Uma pressão exercida em um deles pode irradiar-se para os outros", explica o cirurgião-dentista Oscar Razuk, 43. "A dor não vem necessariamente do ponto em que você a está sentindo", completa.
No caso de não ser tomada nenhuma providência em relação à disfunção, pode haver desgaste, amolecimento, rachadura ou até mesmo perda de dentes, segundo Razuk. Por isso, é importante o paciente procurar ajuda profissional rapidamente.
Maria Cristina Lima, 47, presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Trabalho, aponta que uma das causas da DTM é o estresse. "O funcionário vive sempre em alta produtividade. A musculatura fica tensa, o que acaba afetando a articulação", explica.
Se a DTM estiver sendo causada por tensão, é importante somar ao tratamento consultas a um terapeuta, diz Lima. "Nesse caso, a odontologia trata dos sintomas, não das causas", completa Razuk.


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