|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
saúde corporativa
Disfunção no maxilar afeta trabalho de profissionais
Especialistas apontam relação entre dores na boca e nas costas
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A analista financeira Kátia de
Andrada Coelho, 38, não era
vista como uma funcionária
muito bem-humorada na empresa em que trabalhava.
Seus colegas chegavam a comentar que ela nunca sorria.
"Eu tinha muitas dores de cabeça e na boca, no ouvido, na
garganta e nas costas", explica.
"Como iria sorrir?"
Sem saber exatamente o que
havia de errado, Coelho procurou diversos médicos, mas nenhum deles conseguiu identificar a causa das dores.
Sugeriram que procurasse
um dentista. O diagnóstico foi
DTM (disfunção temporomandibular), um problema na articulação que permite abrir e
fechar a boca.
Coelho fez um tratamento
intensivo, que incluiu consultas a um fonoaudiólogo e
sessões de RPG (reeducação
postural global). Ela também
foi submetida a uma cirurgia
para corrigir o encaixe dos dentes -causa da disfunção.
"Ela hoje é outra pessoa", diz
a médica Kátia Ferrer, 44, que
participou do tratamento de
Coelho. Segundo Ferrer, o
humor de sua ex-paciente mudou para "muito melhor".
As alterações não beneficiaram apenas a vida pessoal de
Coelho -tiveram impactos
profissionais. "Trabalho muito
melhor hoje", comenta. "Lido
com clientes e preciso estar
sempre bem-humorada, o que
não estava acontecendo."
Reflexo
Muitas vezes, os profissionais que sofrem dessa disfunção pedem afastamento de seu
trabalho, tamanho o incômodo
que sentem.
A principal razão para a dor
-inicialmente localizada na
mandíbula- espalhar-se para
outras partes do corpo é a
relação entre os músculos da
boca e os da testa, do pescoço,
do ombro e das costas.
"Uma pressão exercida em
um deles pode irradiar-se para
os outros", explica o cirurgião-dentista Oscar Razuk, 43.
"A dor não vem necessariamente do ponto em que você a
está sentindo", completa.
No caso de não ser tomada
nenhuma providência em relação à disfunção, pode haver
desgaste, amolecimento, rachadura ou até mesmo perda
de dentes, segundo Razuk.
Por isso, é importante o paciente procurar ajuda profissional
rapidamente.
Maria Cristina Lima, 47, presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Trabalho,
aponta que uma das causas da
DTM é o estresse. "O funcionário vive sempre em alta produtividade. A musculatura fica
tensa, o que acaba afetando a
articulação", explica.
Se a DTM estiver sendo causada por tensão, é importante
somar ao tratamento consultas
a um terapeuta, diz Lima. "Nesse caso, a odontologia trata dos
sintomas, não das causas",
completa Razuk.
Texto Anterior: Biblioteca Próximo Texto: Disfunção Temporomandibular Índice
|