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CRESCER PARA FICAR
Chance de crescer na carreira é o que mais retém profissional
Empresas apostam mais em remuneração do que em qualidade de vida
MARIANA IWAKURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes sólido, o casamento
entre empresa e funcionário já
não é mais para a vida toda.
Companhias e colaboradores
desejam, contudo, que essa relação seja, no mínimo, estável.
Para permanecer na corporação, o profissional está sempre calculando o peso dos benefícios que tem e que poderia ter.
Dentre eles, a oportunidade
de crescer na carreira é, de longe, o principal fator indicado
pelo empregado para seguir na
companhia, aponta levantamento da consultoria Great
Place to Work com 100 mil
funcionários das cem melhores
empresas para trabalhar no
Brasil em 2006.
Entre os dirigentes das mesmas corporações avaliadas pela
consultoria, a resposta não foi
diferente: 65% deles dizem que
a empresa tem como maior estratégia de retenção justamente a chance de crescimento.
Esse resultado, entretanto,
não é tão bom quanto parece,
diz José Tolovi Jr., presidente
da Great Place to Work. "Essas
são as estratégias das melhores
empresas -aquelas que são,
em geral, bem-sucedidas em
gestão de recursos humanos.
Se fizermos um apanhado geral, o número será menor."
O desencontro entre oferta e
expectativa, porém, fica evidente nos outros fatores apontados pelo levantamento.
Empregados citam, como segundo maior fator de retenção,
equilíbrio entre vida profissional e pessoal (27%). Para os dirigentes das empresas, esse fator fica em terceiro lugar (14%)
(leia mais no quadro à esq.).
Para as empresas, o segundo
fator refere-se a remuneração e
benefícios (21%). "A estratégia
de retenção pelo salário é extremamente perigosa. O funcionário vai embora para qualquer companhia que ofereça
mais dinheiro", analisa Tolovi.
Teoria e prática
Para Marisabel Ribeiro, líder
organizacional da consultoria
Right Management, há uma
distância entre a teoria e a prática na retenção de talentos.
"A orientação teórica é desenvolver pessoas, mas a realidade
é que isso nem sempre é fácil. A
empresa se preocupa mais em
cobrar resultado e qualidade."
O que falta, diz Ribeiro, é um
acompanhamento interno: ampliar para além do departamento de recursos humanos e para
as mãos dos gestores a responsabilidade de seguir de perto e
desenvolver os profissionais.
A professora Ursula Wetzel,
do Instituto Coppead de Administração, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), considera que alinhar perfil
da firma e desejo do funcionário é fundamental para retê-lo.
"Mesmo que a empresa não
sinalize a longo prazo ou que
trabalhe com projetos, se o funcionário também quer isso, a
retenção é eficaz", diz Wetzel.
Não foi o caso do analista de
controladoria Odilon de Carvalho, 29, que encarou até mudança de Estado para assumir
um novo emprego, em que lhe
foram oferecidos plano de carreira mais bem traçado, oportunidades de aperfeiçoamento
e benefícios mais generosos.
Do empregador anterior, não
aceitou contraproposta. "Lá, o
plano de carreira era mais restrito", conta Carvalho.
POR QUE EU
FIQUEI NA
EMPRESA
Giancarlo Trentini, 31,
coordenador de tecnologia
da informação da Ticket,
ingressou na empresa
como prestador de
serviços. Avaliando o
ambiente como desafiador,
inscreveu-se e foi
selecionado em um
processo seletivo interno.
"Há preocupação dos
gestores em dar autonomia
[aos subordinados]", diz.
Mesmo tendo contato com
colegas de profissão que
trabalham em outras
firmas, ele diz que não abre
mão do ambiente da
empresa e do crescimento
profissional. "Agora vou
começar um MBA", conta.
POR QUE
EU SAÍ DA
EMPRESA
Trabalhando havia quatro
anos em uma empresa de
administração de imóveis, a
psicóloga Renata Chagas
Dias, 26, considerava-se "um
pouco esquecida" pela
companhia. Não havia, na
sua percepção, perspectivas
de crescimento.
A oportunidade que surgiu na
construtora Andrade
Gutierrez a seduziu: o salário
quase dobrou, os benefícios
eram numerosos, e os
cursos, subsidiados.
"Podemos fazer inglês e pós-graduação. Ainda não
comecei, mas planejo fazê-los", diz Dias, que é analista
de recursos humanos na
empresa.
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